Washington e seus aliados acreditam que Pyongyang pode estar prestes a retomar os testes de bombas nucleares pela primeira vez desde 2017. O vice-ministro de Relações Exteriores do Japão, Takeo Mori, a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, e o vice-ministro de Relações Exteriores da Coréia do Sul, Cho Hyun-dong, posam para fotógrafos antes de sua reunião trilateral em Tóquio em outubro de 2022
Eugene Hoshiko / POOL / AFP
A Coreia do Sul disse, nesta quarta-feira (26), que concordou com os Estados Unidos e o Japão que a retomada dos testes nucleares pela Coreia do Norte teria que ser recebida com uma resposta “sem paralelo”. Washington e seus aliados acreditam que Pyongyang pode estar prestes a retomar os testes de bombas nucleares pela primeira vez desde 2017.
O primeiro vice-ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Cho Hyun-dong, discutiu a questão com seu colega japonês, Takeo Mori, e a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, em Tóquio. “Concordamos que uma resposta de escala sem paralelo seria necessária se a Coreia do Norte avançar com um sétimo teste nuclear”, disse ele, em entrevista coletiva conjunta.
Vedant Patel, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, afirmou que a retomada dos testes nucleares seria “uma grave ação de escalada” que “ameaçaria seriamente a estabilidade regional”. Os norte-americanos e seus aliados, no entanto, não ofereceram detalhes sobre a possível resposta das potências.
O último teste nuclear da Coreia do Norte preocupou a China e a Rússia, que apoiaram as sanções mais duras impostas pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas aos norte-coreanos à ocasião. Contudo, não está claro se essas nações fariam isso novamente, dado o estado das relações de Washington com Moscou e Pequim devido à guerra em Ucrânia e tensões sobre Taiwan.
Em maio, a China e a Rússia vetaram um esforço liderado pelos EUA para impor mais sanções da ONU à Coreia do Norte por seus repetidos lançamentos de mísseis, dividindo publicamente o Conselho de Segurança da ONU pela primeira vez desde que o grupo começou a punir Pyongyang, em 2006.
Quando perguntado sobre um possível teste nuclear pelos norte-coreanos, o embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, disse nesta quarta-feira: “Vamos resolver os problemas assim que eles chegarem. Eu não especularia antes que algo aconteça. Mas, é claro, a perspectiva disso não é muito bem-vinda”.
Na entrevista coletiva em Tóquio, Sherman pediu à Coreia do Norte que “se abstenha de mais provocações”, chamando-as de “imprudentes e profundamente desestabilizadoras para a região”.
“Qualquer coisa que aconteça aqui, como um teste nuclear norte-coreano, tem implicações para a segurança do mundo inteiro”, disse ela. “Esperamos, de fato, que todos no Conselho de Segurança entendam que qualquer uso de uma arma nuclear mudará o mundo de maneiras incríveis.”
Quando questionado sobre os comentários em Tóquio, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin, pediu a todos os países que reconheçam “as causas do impasse de longa data” sobre os programas de armas da Coreia do Norte e tomem medidas para aumentar a confiança mútua e abordar as preocupações de todos.
Sob o comando de Kim Jong-un, os norte-coreanos vem realizando testes de armas em um ritmo sem precedentes desde o começo do ano: mais de duas dúzias de mísseis balísticos foram disparados nos últimos meses, incluindo um que sobrevoou o Japão.
Em outra coletiva de imprensa, Patel se recusou a detalhar como Washington responderia à retomada dos testes nucleares norte-coreanos, mas afirmou: “Continuamos a ter ferramentas à nossa disposição para responsabilizar a RPDC [República Popular Democrática da Coreia]”.
Ele se referiu às sanções unilaterais dos EUA em resposta aos lançamentos de mísseis norte-coreanos este ano, bem como aos exercícios militares conjuntos com o Japão e a Coreia do Sul, que envolveram um porta-aviões dos EUA pela primeira vez desde 2017.
De acordo com Takeo Mori, japoneses, sul-coreanos e norte-americanos se comprometeram a “fortalecer ainda mais a capacidade de dissuasão e resposta” e a cooperação de segurança trilateral.
Sobre as crescentes tensões sobre Taiwan, ilha autoadministrada que a China reivindica como sua, Sherman reiterou a posição dos EUA de que não apoia a independência de Taiwan, mas disse que a nação faria o que pudesse para apoiar Taipei, trabalhando com o Japão e a Coreia do Sul para garantir seu poder de defesa.
Em uma reunião do Partido Comunista da China neste mês, o presidente Xi Jinping pediu uma aceleração dos planos para construir um exército de classe mundial e disse que o país nunca renunciaria ao direito de usar a força para resolver a questão de Taiwan.
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