Evento em alusão aos 40 anos do movimento gerou atrito entre parlamentares no plenário
O que seria uma sessão solene em homenagem aos 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) na Câmara dos Deputados terminou em troca de acusações entre parlamentares governistas e da oposição, nesta quarta-feira (28).
A presidente da Mesa Diretora, deputada Maria do Rosário (PT-RS), estipulou uma dinâmica em que congressistas dos dois polos se revezariam na tribuna, gerando também uma alternância entre palmas e vaias.
“Infelizmente os achados que tivemos na CPI do MST, sob nossa ótica, não trazem motivo para comemoração. Nós viajamos para diversos estados da federação e o que nós vimos nos acampamentos foi uma miséria generalizada; o insucesso de um modelo que não deu certo”, afirmou o deputado Ricardo Salles (PL-SP).
Coube à deputada Sâmia Bonfim (PSOL-SP) responder. “Não há crime nenhum lutar pela reforma agrária, que inclusive está escrita na Constituição de 1988 e segue como uma tarefa histórica dos trabalhadores e das trabalhadoras para que haja justiça de fato em nosso país. Não há crime nenhum em ocupar latifúndios improdutivos.”
Na sequência, o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS) fez novas afirmações que incomodaram a plateia. “Em 40 anos, o MST nunca produziu nada”, provocou.
O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), rebateu com informações sobre resultados obtidos em assentamentos e também fez a defesa da sessão solene.
“Esta sessão foi aprovada pelo plenário. Nós não estamos fazendo nada que não esteja dentro do regimento da Casa. A Câmara aprovou essa sessão”, pontuou.
Dois ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participaram do evento: Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas).
Moção de repúdio
Deputados da Frente Parlamentar Invasão Zero, com o apoio da bancada do agronegócio, reagiram ao evento. “Como oposição, seguiremos fazendo denúncias do MST. Não deixaremos isso impune”, disse o deputado Marcel Van Hatten (Novo-RS).
O grupo disse que apresentaria uma moção de repúdio contra a sessão solene. “São 102 assinaturas”, informou a líder da minoria, deputada Bia Kicis (PL-DF).
“É com indignação e veemência que expressamos nosso total repúdio aos atos de violência física, patrimonial e moral, praticados constantemente pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)”, diz trecho da moção.
“Esse movimento, que afirma lutar pela reforma agrária e pela justiça social, na verdade, tem demonstrado um desrespeito flagrante pela lei, pela propriedade privada, pelo estado de direito, e até mesmo pela vida humana.”
À CNN, o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP-PR), disse que a homenagem é “completamente equivocada” e um “verdadeiro acinte” ao Congresso Nacional.
Fonte: CNN Brasil