Gabrielle Cavalin realizou a expedição para a aldeia Shanenawa em julho para se aprofundar sobre a questão indígena por avaliar que o assunto era muito distante da realidade de seus estudantes. O tema do exame de 2022 foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. Professora viajou até ao Acre para entender e levar discussão sobre povos tradicionais para os alunos
Arquivo pessoal
Todo ano existe uma grande especulação pelo tão temido e aguardado tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Logo, é normal que, durante a fase de preparação, os professores busquem trabalhar algumas propostas de assuntos com seus alunos.
Mas uma educadora resolveu ir além e viajou até uma aldeia indígena no Acre para conhecer melhor a preservação dos povos tradicionais – exatamente o tópico da redação da prova de 2022, que começou no domingo (13).
A professora de redação Gabrielle Cavalin, de 31 anos, contou ao g1 que sentiu uma certa dificuldade para abordar a temática, depois que passou a trabalhar com os estudantes um livro “Ideias para adiar o fim do mundo” de Ailton Krenak, que é uma das maiores lideranças indígenas do país.
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“A questão indígena é muito distante pra eles e tive muita dificuldade de mobilizá-los para discussão, por isso, me dispus a viver na pele para conseguir trazer um debate a partir da vivência”, relata.
Em julho, Gabrielle realizou a expedição para a aldeia Shanenawa no município de Feijó, no Acre, onde ficou durante uma semana. Segundo a professora, além de contribuir para as aulas, a experiência também foi importante para a sua formação como pessoa.
“Há alguns anos tenho um projeto de viajar todas as capitais do Brasil para poder conhecer nosso país mais de perto e enriquecer minha vida, e também as discussões em sala de aula”, conta Gabrielle.
A professora Gabrielle Cavalin durante viagem a aldeia indígena no Acre
Arquivo pessoal
‘Preservação da humanidade’
O tema da prova de redação do Enem 2022 foi “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil”. O assunto permite tratar da questão dos indígenas, indo ao encontro do que foi trabalhado por Gabrielle com os seus alunos.
“Quando eu vi o tema fiquei extremamente feliz. Precisamos, enquanto sociedade, falar sobre a preservação dos povos tradicionais, pois este tema está intimamente ligado à preservação da humanidade”, ressaltou a professora.
“Os textos 1 e 4 da coletânea da prova dialogam diretamente com as discussões do livro e as discussões que fizemos em aula, nosso modelo de vida exploratório ao meio ambiente coloca em risco essas comunidades que vivem da plena interação com o meio ambiente”.
Em julho, Gabrielle realizou a expedição para a aldeia Shanenawa no município de Feijó no Acre
Arquivo pessoal
Ainda de acordo com a professora, a proposta de um tema sobre preservação de povos tradicionais não era considerada por muitos professores, principalmente devido à posição do atual governo,
Na opinião da professora, a presença de temas relacionados aos indígenas no noticiário em 2022 fazia do tópico um forte candidato para o assunto da redação do Enem – em especial, ela destacou o assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips e as dificuldades enfrentadas pelos Yanomami.
“Desde o início do ano a questão indígena, principalmente, estava muito forte na mídia. Era o momento para cobrarem, fora que era uma minoria ainda não abordada”, opinou.
Mãe segura filho doente na comunidade Xaruna, Terra Yanomami
Valéria Oliveira/g1
“Falar da preservação dos povos tradicionais é tocar na questão ambiental, por isso muitos professores não acreditavam que este tema seria cobrado este ano, dado o posicionamento do governo atual em relação ao assunto. Mas há 12 anos trabalho o Enem e vejo como a prova se dispõe a trabalhar temas relevantes pro debate público e eu trouxe esse aspecto aos meus alunos”, conta.
Em 2020, quando o tema da redação foi o estigma associado às doenças mentais, Gabrielle teve uma aluna que tirou nota mil. “Confesso expectativa para que o feito se repita este ano”, diz a professora.
*Sob supervisão de Ardilhes Moreira
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