Para o Catar, que sobrevive como um Estado independente desde 1971 em uma região muitas vezes hostil, sediar a Copa do Mundo faz parte de uma estratégia mais ampla de desempenhar um papel maior nos assuntos globais. Imagem de pessoas na frente de letreiro da Fifa em Doha, em 18 de novembro de 2022
Fabrizio Bensch/Reuters
Depois de um caminho conturbado até a Copa do Mundo, marcado por críticas ao seu histórico de direitos humanos, o Catar tem muito em jogo para que o torneio transcorra sem problemas se quiser ser lembrado como um sucesso e ajudar a afirmar o lugar de Doha no cenário global.
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A controvérsia que há muito envolve a decisão de conceder ao Catar a Copa do Mundo vem aumentando, com o escrutínio implacável de seu tratamento aos trabalhadores imigrantes e à comunidade LGBT , levando o emir do país a acusar os detratores de hipocrisia e invenções.
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Enquanto o Catar se prepara para o pontapé inicial no domingo, a medida do sucesso será realizar um torneio apreciado pelos torcedores que termine sem grandes incidentes, permitindo que Doha desvie as atenções das críticas, dizem analistas.
Para o Catar, que sobrevive como um Estado independente desde 1971 em uma região muitas vezes hostil, sediar a Copa do Mundo faz parte de uma estratégia mais ampla de desempenhar um papel maior nos assuntos globais. Grande exportador de gás, hospeda tropas norte-americanas, media conflitos e financia a influente rede de notícias Al Jazeera.
“Tem havido muita cobertura negativa com foco em direitos trabalhistas e direitos humanos. A realização da Copa do Mundo é a única oportunidade que o Catar vê para a redenção”, disse Marc Owen Jones, professor associado da Universidade Hamad Bin Khalifa.
Mas as autoridades do Catar parecem cada vez mais irritadas com o que consideram críticas injustas, incluindo pedidos de boicote.
Várias equipes participantes do torneio estão tentando chamar a atenção para as questões pelas quais o Catar tem enfrentado críticas, incluindo os direitos LGBT no país onde a homossexualidade é ilegal.
As Associações de Futebol de 10 países europeus, incluindo Inglaterra e Alemanha, pressionaram a Fifa a tomar medidas para melhorar os direitos dos trabalhadores imigrantes no Catar.
Mas, adotando um tom diferente, a Fifa tem insistido às seleções para focarem no futebol, e não deixarem o esporte ser arrastado para “batalhas” ideológicas ou políticas, apelo apoiado pelo Brasil.
Reagindo contra críticas, o Catar aponta para reformas trabalhistas destinadas a proteger os trabalhadores imigrantes da exploração e diz que o sistema é um trabalho em andamento. Os organizadores disseram repetidamente que todos são bem-vindos, independentemente de sua orientação sexual ou origem.
Mas eles também alertaram contra certos comportamentos no país muçulmano conservador, onde a embriaguez em público pode resultar em pena de prisão de até seis meses e demonstrações de afeto podem ser motivo de prisão.
“A história de sucesso do Catar caminha na linha tênue entre crítica internacional e crítica doméstica, entre manter a cultura local e se abrir para o mundo exterior”, disse Zarqa Parvez Abdullah, professor adjunto da Universidade de Georgetown, no Catar.
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