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Protestos na Geórgia continuam, mesmo após governo retirar controverso projeto de lei

Protestos na Geórgia continuam, mesmo após governo retirar controverso projeto de lei


Projeto é acusado pela oposição no país de se inspirar em uma lei usada pela Rússia para reprimir opositores ao regime do Kremlin. Manifestantes em frente ao Parlamento da Geórgia, em Tbilisi, em 9 de março de 2023.
REUTERS – IRAKLI GEDENIDZE
O movimento de protesto continua na Geórgia, apesar da promessa feita pelo governo de retirar o projeto de lei que deu origem à contestação. Milhares de pessoas voltaram a se manifestar na noite de quinta-feira (9) diante do Parlamento, em Tbilisi.
O projeto de lei previa classificar como “agentes estrangeiros” as ONGs e veículos de comunicação que tiverem mais de 20% de seu financiamento proveniente de países ou organizações estrangeiras. O texto é acusado pela oposição no país de se inspirar em uma lei usada pela Rússia para reprimir opositores ao regime do Kremlin.
Nesta sexta-feira (10), os manifestantes entrevistados pela RFI estavam orgulhosos por terem feito o governo ceder. Agora, eles exigim a liberação de 133 pessoas detidas após as manifestações de terça e quarta-feira. O objetivo é manter a pressão sobre o partido que está no poder, o Sonho Georgiano.
O Parlamento começou o procedimento para retirar formalmente a lei sobre os “agentes estrangeiros”, na noite de quinta-feira. Mas os manifestantes desconfiam do governo, que já descumpriu promessas no passado.
Os deputados georgianos rejeitaram o projeto de lei durante uma sessão no Parlamento: 35 dos 36 votavam pela retirada do texto em segunda leitura.
Mão anti-russa
O Kremlin e a diplomacia russa afirmaram na sexta-feira que a mão “anti-russa” do Ocidente está por trás dos protestos na Geórgia e disseram que os eventos eram uma tentativa de golpe.
O chefe da diplomacia russa, Sergei Lavrov, disse em entrevista à televisão russa que as manifestações se pareciam com a revolução ucraniana de 2014, conhecida como Maidan, que Moscou considera um golpe orquestrado pelo Ocidente.
“Os acontecimentos na Geórgia são obviamente orquestrados do exterior”, disse numa alusão aos países europeus e aos EUA, acreditando que “a intenção é criar uma revolta nas fronteiras russas”.
O Kremlin havia dito anteriormente que viu “a mão” dos Estados Unidos por trás do “sentimento anti-russo” dos manifestantes georgianos, porque a presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, que apoia os protestos, estava nos Estados Unidos à época.
Ela “se dirige ao seu povo não da Geórgia, mas da América”, martelou o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov.
Aspirações europeias
Além dessa lei, muitos georgianos estão preocupados ao ver seu governo se afastar de suas aspirações pró-europeias e temem uma reaproximação com a Rússia.
O pequeno país do Cáucaso, de apenas quatro milhões de habitantes, ainda tem marcas da guerra perdida para a Rússia em 2008.
O porta-voz do Kremlin garantiu na sexta-feira que a Rússia “não tem nada a ver” com o controverso projeto de lei, acrescentando que Moscou “não interfere nos assuntos internos da Geórgia”.
A Rússia patrocina duas regiões separatistas na Geórgia, Abkházia e Ossétia do Sul, cuja independência reconheceu após a guerra de 2008.

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