Bolsonaro pediu que Senado coloque “freio” no ministro do STF, chamado por ele de “ditador”; Tarcísio pediu “volta da liberdade”
Manifestantes se reuniram neste sábado, 7 de Setembro, em ato realizado na Avenida Paulista contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A manifestação, que ficou concentrada no entorno de um trio elétrico em frente ao Masp,
foi organizada pelo pastor Silas Malafaia.
Jair Bolsonaro (PL) encerrou a lista de autoridades que discursaram em cima do trio, sintetizando a ideia do porquê estavam ali.
“Devemos botar freio através dos dispositivos constitucionais daqueles que saem, que rompem, os limites das quatro linhas da nossa Constituição. E eu espero que o Senado Federal bote um freio em Alexandre de Moraes, esse ditador”, disse Bolsonaro durante discurso a apoiadores.
O ex-presidente ainda voltou a pedir anistia aos presos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e classificou o episódio como uma “armação”. Na ocasião, as sedes dos Três Poderes, em Brasília, foram invadidas e depredadas por vândalos.
Bolsonaro não foi o único a levantar essas bandeiras. Antes dele, discursou Malafaia, que também associou as práticas do ministro do Supremo as de uma ditadura. Malafaia criticou os outros membros do STF ao afirmar que os ministro “estão jogando na lata do lixo a reputação da mais alta Corte”.
O governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), também subiu ao trio elétrico. Sem citar o nome de Alexandre de Moraes, o governador criticou o banimento do X e pediu pela volta da liberdade.
“Quanta crítica o presidente [Bolsonaro] recebeu naquele período, quantas vezes foi mal tratado e injustiçado e mesmo assim nunca transigiu com a liberdade. Jamais tirou do ar qualquer veículo que fosse. Esse é a nossa diferença para os outros”, defendeu o governador.
“Que essa imagem da gente que está aqui hoje sirva de inspiração para os nossos congressistas, para que a gente possa conquistar de volta a nossa liberdade, para que não haja censura, não haja banimento de rede, para que não haja esse exagero. Nós queremos a pacificação, mas a pacificação pressupõe gestos, e nós queremos ver esses gestos.”
Tarcísio, como Bolsonaro, também defendeu a anistia. “A nossa causa, hoje e aqui, é uma causa justa. Nossa causa é a liberdade. Nossa causa é anistia”, reforçou, apontando para o perdão político às pessoas presas pelo ataque à Praça dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro de 2023.
Antes de Tarcísio discursaram os deputados federais do PL Magno Malta (ES), Gustavo Gayer (GO), Bia Kicis (DF), Julia Zanatta (SC), Eduardo Bolsonaro (SP) e Nikolas Ferreira (MG), que pediu dez segundos de silêncio ao público presente por conta da desativação do X.
Vestindo uma camiseta de apoio à da rede social X, Eduardo, deputado federal e filho do ex-presidente, chamou Moraes de psicopata por conta das prisões associadas aos atos de 8 de janeiro e as decisões tomadas pelo ministro sobre outros que chamou de presos políticos.
“Só tem uma diferença entre mim e aqueles que estão presos politicamente hoje. É que não teve tempo de Alexandre de Moraes me pegar, porque ele me selecionou para ser investigado”, disse.
“A empatia é o oposto da psicopatia. O psicopata, ele não sente remorsos. O psicopata não tem piedade. O psicopata é incapaz de se colocar no lugar do outro. O psicopata é capaz de jogar velhinhas em uma cadeia por anos, apenas por capricho pessoal.”
Já Bia Kicis centrou seu discurso na defensa do impeachment de Alexandre de Moraes e disse que 180 parlamentares já se manifestaram pela causa. Ela citou também obstrução no Congresso.
“Nós vamos obstruir os trabalhos. Nós vamos parar a Câmara dos Deputados, os senadores vão parar também o Senado Federal”, afirmou a deputada.
A manifestação contou ainda com um trio “paralelo”, nas proximidades do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, em que reuniu a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e o senador Marcos do Val (Podemos-ES).
Esse segundo trio incomodou Bolsonaro. “Se for possível parar esse som, a gente agradece. Ou então pede para alguém sabotar, arranca o cabo da bateria desse carro”, disse o ex-presidente.
Ao analista da CNN Pedro Duran, Silas Malafaia disse que o locador do caminhão paralelo tinha autorização da Prefeitura e da Polícia Militar, mas que nos próximos eventos vai tentar evitar que isso aconteça.
Após término da manifestação, fontes do governo federal avaliaram que os protestos não afetam negativamente o governo Lula, apurou a analista de política da CNN Renata Varandas.
Um ministro próximo a Lula afirmou que Bolsonaro não tem proposta para melhorar a vida das pessoas e que sua única mobilização junto ao Congresso foi tentar barrar a reforma tributária.
Outra fonte ressaltou que o país está andando na normalidade em relação às eleições e à economia, enquanto Bolsonaro está pedindo anistia em benefício próprio.
Fonte: CNN Brasil