Demorou um pouco, mas o brasileiro – e o feirense – aos poucos vão entrando no clima da Copa do Mundo. No comércio, há profusão de camisetas, mas é mais vasto o leque de acessórios verde-amarelos, o que inclui vestidos, shorts, bermudas, chapéus, bonés, bandeiras e as tradicionais e barulhentas cornetas. Muitos lojistas apostam na decoração para atrair a clientela, até mesmo embelezando suas lojas com aquelas bandeirolas típicas do São João, pois a competição, até aqui, sempre acontecia em junho.
Em circunstâncias normais, o entusiasmo com o torneio deveria ter começado antes. Mas a extrema-direita – golpista e violenta – resolveu se apropriar dos símbolos nacionais e muita gente passou a alimentar certa ojeriza ao verde-amarelo. Ao longo da Copa do Mundo e nos próximos meses a situação deve se normalizar, com o brasileiro civilizado resgatando seu apreço tradicional pelos símbolos do País, o que inclui, popularmente, a camiseta da Seleção Brasileira.
Amanhã (24) a Seleção Brasileira estreia e, em caso de bom desempenho, a empolgação deve crescer e os debates – nas esquinas, nos bares, nos locais de trabalho – vão se tornar mais intensos, polêmicas estalarão com mais frequência. Sempre foi assim e deve voltar a sê-lo. Afinal, depois de quatro anos enredado na energia da morte, o brasileiro médio está sedento por manifestações de vida e, nesta, o futebol ocupa lugar especial.
À medida que a competição avança – algumas das principais seleções já estrearam – o torcedor observa, formula opiniões e, em alguns casos, manifesta discreto otimismo com a Seleção Brasileira. Há quem torça contra, numa pitoresca celebração às avessas. Não faltam radicais ostentando a camiseta da seleção argentina. O gesto apenas reforça a convicção de como são intensos os sentimentos que a Copa do Mundo desperta nos brasileiros.
É bom desperdiçar algumas horas entorpecendo-se com o futebol porque, no cenário político, há muito de funesto, mesmo após a vitória de Lula (PT). Há 20 dias o País está sem comando porque Jair Bolsonaro, o “mito”, ficou magoadinho com o resultado das eleições e resolveu se recolher. Defronte aos quarteis, excêntricos seguem clamando por “intervenção militar” – eufemismo para golpe – para que os lunáticos, aloprados e alucinados da extrema-direita permaneçam no poder.
Soube que, com a Copa do Mundo, pretendem abandonar a camiseta da Seleção Brasileira. Por sua vez, quem está usando por conta da competição de futebol, não gosta de ser associado aos acólitos do “mito”. Ouvi de um torcedor na rua, sem papas na língua:
– Bolsonaro uma disgraça, rapaz! Curto futebol e sou torcedor da Seleção Brasileira!