Evento marca as primeiras aparições públicas de Biden neste ano, após passar maior parte de 2023 viajando em eventos oficiais e arrecadando fundos políticos a portas fechadas
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, irá expor alguns dos argumentos centrais de sua candidatura à reeleição em 2024 em dois locais históricos na Pensilvânia e na Carolina do Sul, enquanto se prepara para uma possível revanche com o ex-presidente Donald Trump em novembro.
Entre os pontos principais, estão a proteção da democracia e das liberdades pessoais. A agenda de janeiro também incluirá eventos separados para a vice-presidente Kamala Harris.
Essas serão as primeiras aparições públicas de campanha de Biden em 2024, depois que o democrata passou a maior parte do ano passado viajando para eventos oficiais da Casa Branca e arrecadação de fundos políticos a portas fechadas.
Isso ocorre no momento em que os dirigentes da campanha estão ansiosos para aumentar o contraste com Trump, que consideram o provável candidato do Partido Republicano para as eleições.
Biden viajará nesta sexta-feira (5) para a Pensilvânia para fazer um discurso perto de Valley Forge, o local histórico da Guerra Revolucionária que abrigou George Washington e o Exército Continental há quase 250 anos.
A previsão anterior era que o presidente discursasse no sábado (6), dia que marca o terceiro aniversário da insurreição de 6 de janeiro de 2021 no Capitólio dos EUA, mas a fala foi adiantada em um dia ao clima, de acordo com a campanha do democrata.
Biden fará o discurso no Montgomery County Community College, em Blue Bell, na Pensilvânia.
“O presidente defenderá diretamente que a democracia e a liberdade, duas ideias poderosas que uniram as 13 colônias e que gerações ao longo da história da nossa nação lutaram e morreram a poucos passos de onde ele estará no sábado, continuam sendo fundamentais para a luta que travamos hoje”, informou Quentin Fulks, vice-gerente de campanha de Biden-Harris.
Ele viajará então para Charleston, na Carolina do Sul, na segunda-feira (8), para falar na Igreja Mother Emanuel AME, uma igreja historicamente negra, onde nove pessoas foram mortas depois que um homem armado abriu fogo contra um grupo de estudo bíblico em 2015.
“Se tratando de supremacistas brancos atacando a histórica cidade americana de Charlottesville; do ataque à capital do nosso país em 6 de janeiro; ou de um supremacista branco assassinando fiéis em Mother Emanuel há quase nove anos, a América está preocupada com o aumento da violência política e determinada para se opor a isso”, acrescentou Fulks.
Enquanto isso, Kamala Harris fará sua própria viagem à Carolina do Sul no sábado, com discurso no retiro anual da Sociedade Missionária Feminina da Igreja AME do 7º Distrito Episcopal, em Myrtle Beach.
O estado ajudou a campanha das eleições primárias de Joe Biden em 2020, e as primárias de 3 de fevereiro deste ano servirão como um teste importante para os eleitores negros.
No final deste mês, Harris comemorará o 51º aniversário do caso Roe vs Wade, a lei federal sobre aborto nos EUA, dando início a uma viagem pelas liberdades reprodutivas em Wisconsin, enquanto sua campanha procura fazer o direito ao aborto um foco central de seus argumentos.
Espera-se que os eventos políticos de Biden acelerem nos próximos meses, embora as autoridades não tenham divulgado com que frequência ele fará campanha no futuro próximo.
Espera-se ainda que a campanha passe os primeiros meses de 2024 expandindo suas ações, incluindo a contratação de mais lideranças estaduais neste mês, com o objetivo de operar a “todo o vapor” no início do verão americano.
A equipe de Biden também deve anunciar uma nova campanha publicitária antes da viagem do presidente à Pensilvânia.
As medidas ocorrem no momento em que a equipe do democrata tenta influenciar os eleitores céticos, já que algumas pesquisas mostram que o presidente está atrás de Trump em hipotéticos confrontos diretos.
Os responsáveis da campanha argumentam há muito tempo que as primeiras pesquisas não predizem o resultado final e que a escolha que os eleitores enfrentam se tornarão mais claras à medida que mais pessoas começarem a se concentrar no que está em jogo em 2024.
“Quando Joe Biden concorreu à Presidência há quatro anos, ele disse que estávamos na batalha pela alma da América. E ao olharmos para novembro de 2024, ainda estamos”, disse a gerente de campanha Biden-Harris, Julie Chavez Rodriguez.
“A ameaça que Donald Trump representou em 2020 para a democracia americana só se tornou mais terrível nos anos seguintes”, adicionou.
“A escolha dos eleitores no próximo ano não será simplesmente entre filosofias de governo concorrentes. A escolha do povo americano em novembro de 2024 será proteger a nossa democracia e as liberdades fundamentais de todos os americanos”, pontuou Chavez Rodriguez.
As autoridades ressaltaram que também estão preparadas para a possibilidade de que um candidato diferente surja como o indicado do Partido Republicano, mas argumentaram que o campo republicano abraçou totalmente a abordagem e a agenda de Trump.
“O campo de 2024 deixou claro mais de uma vez que eles não apenas aceitam, mas também dão seu total apoio à retórica e às ações antidemocráticas e de antiliberdade de Donald Trump”, ponderou Chavez Rodriguez.
Ela também reconheceu as margens apertadas das eleições de 2024 quando questionada pela CNN sobre que recursos a campanha terá de despender, uma vez que enfrenta a concorrência de candidatos de partidos terceiros que deverão continuar a concorrer e poderão retirar eleitores críticos para os esforços de reeleição do presidente.
“Sabemos que essa será uma eleição muito próxima e que o presidente e a vice-presidente têm vários caminhos para a vitória. E a nossa campanha vai continuar a se concentrar em realmente atrair os seus eleitores, persuadir os nossos persuadíveis e continuar a construir a coligação que enviou o presidente e a vice-presidente à Casa Branca em 2020”, explicou.
A campanha democrata também destacou os investimentos que está fazendo para se comunicar com os eleitores, incluindo os eleitores negros e hispânicos, no meio de alguns sinais de tensões dentro de partes-chave da sua coligação.
Mas em meio ao declínio do apoio a Biden entre os eleitores desses dois grupos demográficos, Quentin Fulks, vice-gerente de campanha de Biden-Harris, não disse se a campanha estava preocupada, mas que as viagens de Biden e Harris à Carolina do Sul têm como objetivo “praticar o que pregamos”.
“Quando se trata de eleitores negros, e se estamos preocupados, veja, nossa campanha tem se esforçado para fazer tudo o que precisamos para nos comunicarmos com as comunidades negras no próximo outono para garantir que eles compareçam”, Fulks observou aos repórteres.
Ele acrescentou que a campanha procurou investir mais cedo e mais do que nunca na comunicação com esses eleitores através de publicidade política e de esforços de organização.
“Isso envia um sinal claro de que não vamos esperar e saltar de paraquedas nessas comunidades no último minuto e pedir a elas o seu voto. Vamos conquistar o seu voto”, colocou.
“Os eleitores negros são os que correm mais riscos nessa eleição e precisamos ter certeza de que cada um deles entende a escolha que tem pela frente”, finalizou.
Fonte: CNN Brasil