Tela Noticias

Bispo ganhador do Nobel da Paz em 1996 foi punido por Vaticano por suposto abuso de menores

Bispo ganhador do Nobel da Paz em 1996 foi punido por Vaticano por suposto abuso de menores


Uma reportagem de uma revista holandesa ouviu citou dois homens, identificados com pseudônimos, dizendo que Belo os estuprou quando tinham 14 e 15 anos e depois lhes deu dinheiro. Carlos Ximenes Belo em imagem de 1996
Neil Jacobs/AP
O Vaticano reconheceu nesta quinta-feira (29) que há dois anos puniu secretamente Carlos Ximenes Belo, bispo de Timor-Leste e vencedor do Prêmio Nobel da Paz em resposta a alegações de que ele abusou sexualmente de meninos décadas atrás.
O Vaticano só reconheceu que puniu o bispo depois de uma reportagem desta semana da revista holandesa De Groene Amsterdammer.
Compartilhe esta reportagem pelo WhatsApp
Compartilhe esta reportagem pelo Telegram
Na reportagem, a De Groene Amsterdammer citou dois homens, identificados com pseudônimos, dizendo que Belo os estuprou quando tinham 14 e 15 anos e depois lhes deu dinheiro.
A publicação citou os dois homens dizendo que acreditavam que Belo havia abusado sexualmente de outros meninos em Timor-Leste. Alguns dos abusos teriam ocorrido na residência do bispo na capital do país, Díli.
A De Groene Amsterdammer disse ter evidências de que Belo também abusou sexualmente de meninos na década de 1990, quando era padre.
A Reuters não conseguiu localizar Belo. A De Groene Amsterdammer disse que ele desligou o telefone quando foi contactado para comentar as alegações.
Vencedor do Nobel em 1996
Belo, de 74 anos, ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1996 junto com o agora presidente do Timor-Leste, José Ramos-Horta, por seu trabalho para acabar com o conflito no país.
O comitê norueguês do Nobel citou a coragem de Belo em ajudar a esclarecer um massacre de timorenses em 1991 por militares indonésios.
A ex-colônia portuguesa conquistou a independência da Indonésia em 2002, após uma sangrenta ocupação na qual centenas de milhares foram mortos.
No mesmo ano em que o Timor-Leste conquistou a independência, Belo apresentou sua renúncia ao cargo de administrador apostólico da Diocese de Díli ao papa João Paulo 2º, alegando razões de saúde provocadas por stress e esgotamento. O então papa aceitou.
Belo tinha apenas 54 anos na época, 21 anos antes da idade normal de aposentadoria para um bispo.
Após deixar o cargo de bispo de Díli, Belo trabalhou como missionário em Moçambique e depois se estabeleceu em Portugal, onde ainda vive.
Comunicado da Igreja
Em comunicado, o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, disse que o escritório doutrinário do Vaticano, que lida com casos de abuso sexual, se envolveu no caso pela primeira vez em 2019 “à luz das acusações que recebeu sobre o comportamento do bispo”.
Em 2020, o órgão impôs “restrições disciplinares” incluindo “limitações aos seus movimentos e ao exercício do seu ministério, a proibição de contacto voluntário com menores, de entrevistas e contatos” com Timor-Leste.
Bruni disse que em 2021 as medidas foram “modificadas e reforçadas”, sem dar detalhes. O porta-voz do Vaticano disse que o bispo “aceitou formalmente” as restrições nas duas vezes.
Belo é membro da ordem religiosa salesiana, que tradicionalmente se especializa na educação de crianças.
A sucursal da ordem em Portugal disse em seu site que ouviu falar da “suspeita” de abuso sexual de menores por parte de Belo com profunda “tristeza e perplexidade”.
Afirmou que, desde o momento em que chegou a Portugal, Belo não teve “responsabilidades educativas ou pastorais” com a ordem.
Veja os vídeos mais assistidos do g1

administrator

Related Articles

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *