Nesta terça-feira (21/3) é celebrado pela primeira vez o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, instituído em janeiro. Em Camaçari, a data foi marcada pelo Encontro dos Povos de Matrizes Africanas, que reuniu durante a manhã, no Teatro Alberto Martins, sacerdotes, sacerdotisas, adeptos e simpatizantes.
Realizada de forma conjunta entre as secretarias do Desenvolvimento Social e Cidadania (Sedes), do Governo (Segov) e da Cultura (Secult), a ação teve como tema “Conquistas e Desafios nas Religiões de Matrizes Africanas”.
O titular da Segov, José Gama, falou sobre as problemáticas de preconceito e violência sofridas pelas pessoas do segmento religioso. “Precisamos fortalecer as iniciativas para a conquista de avanços e o governo trabalhará cada vez mais para este crescimento em Camaçari. A nossa missão como gestão é viver a comunidade em todas as suas representações e aspectos”, afirmou.
Para a secretária da Cultura, Márcia Tude, a iniciativa é importante por instaurar uma rede de combate à discriminação e valorização da resistência dos povos de matrizes africanas. “Também é uma oportunidade de trazermos discussões sobre as pautas do segmento. Entre os avanços que podemos citar de forma recente em Camaçari, está a instituição do Plano Municipal de Cultura, que em um dos capítulos apresenta diretrizes de apoio a manifestações de raízes africanas. Além disso, o Conselho de Cultura iniciou o mapeamento de terreiros, que é feito de forma linkada ao nosso novo Mapa Cultural, possibilitando que tenhamos dados para direcionamento das políticas públicas”, pontuou.
Representando a Sedes, a diretora da Gestão do Sistema Único de Assistência Social (GSUAS), Genivia Santos, ressaltou a importância do resgate à ancestralidade, além da garra das pessoas de religiões de matrizes africanas. “É uma luta incessante a cada dia, e por isso temos que mostrar a força destas manifestações religiosas”, disse.
A Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia (Sepromi) foi representada no evento pela assessora especial Ubiraci Matildes. Ela enfatizou que a construção da data comemorativa foi feita a partir do movimento das pessoas militantes no segmento. “É importante celebrar uma religião que historicamente foi segregada. Nosso trabalho como poder público é primar pelo respeito, com diálogo permanente com os municípios para operacionalizarmos as políticas públicas”, destacou.
Também participaram do encontro o presidente do Conselho Municipal de Cultura de Camaçari, Luciel Neto; o coordenador da Federação Nacional do Culto Afro-brasileiro (FENACAB) em Camaçari, Pai Cosme; o presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia (AFA), Leonel Monteiro; e o pesquisador e filósofo, João Borges.
O Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé coincide com o arco escolhido pela Organização das Nações Unidas (ONU) para, anualmente, instalar uma rede intercontinental de conscientização pelo Dia Internacional contra a Discriminação Racial. A data foi escolhida pela ONU em 1966, em memória às 69 vítimas do massacre de Sharpeville, bairro negro da África do Sul.