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Estupros na Ucrânia são ‘estratégia militar’ deliberada e ‘crime silencioso’, diz agência da ONU

Estupros na Ucrânia são ‘estratégia militar’ deliberada e ‘crime silencioso’, diz agência da ONU


Violência sexual é usada por forças russas no país vizinho para “desumanizar as vítimas”, segundo agência para Violência Sexual em Conflitos da ONU. Soldados russos em Mariupol, na Ucrânia, em 12 de abril de 2022
Alexander NEMENOV / AFP
Os estupros e as agressões sexuais atribuídas às forças russas na Ucrânia constituem “uma estratégia militar” e uma “tática deliberada para desumanizar as vítimas”, afirmou a representante especial da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Violência Sexual em Conflitos, Pramila Patten.
“Todos os indícios estão lá”, declarou Patten em uma entrevista à agência de notícias France Presse em Paris, onde assinou na quinta-feira um acordo com a ONG Bibliotecas Sem Fronteiras para apoiar as vítimas de agressões sexuais em conflitos.
“Quando mulheres e meninas são sequestradas durante dias e estupradas, quando se começa a violentar meninos e homens, quando vemos uma série de casos de mutilações de órgãos genitais, quando você ouve os depoimentos de mulheres que falam de soldados russos que usam viagra, trata-se claramente de uma estratégia militar”, afirmou.
“E quando as vítimas falam sobre o que foi dito durante os estupros, está claro que é uma tática deliberada para desumanizar as vítimas”, acrescenta a advogada das Ilhas Maurício. Ela destaca que os primeiros casos foram relatados “três dias após o início da invasão da Ucrânia”, em 24 de fevereiro.
A ONU verificou “mais de cem casos” de estupros e agressões sexuais na Ucrânia, mas “não é uma questão de números”, explica a representante especial desde 2017, para quem “os casos apontados são apenas a ponta do iceberg”.
“É muito complicado ter estatísticas confiáveis durante um conflito ativo. Os números nunca refletirão a realidade, porque a violência sexual é um crime silencioso, o menos denunciado e o menos condenado”, ressalta Patten, que cita o medo de represálias e estigmatização.
As vítimas são principalmente mulheres e meninas, de acordo com a representante da ONU.
Um relatório divulgado no fim de setembro por uma comissão de investigação internacional independente, criada a pedido do Conselho de Segurança das Nações Unidas, confirmou “crimes contra a humanidade cometidos pelas forças russas”, recorda.
“De acordo com os depoimentos, a idade das vítimas de violência sexual vai dos 4 anos aos 82 anos. Há muitos casos de violência sexual contra crianças, que são estupradas, torturadas e sequestradas”, afirma Patten.
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