Vídeos nas redes sociais mostram milhares de iranianos marchando em direção ao cemitério onde Mahsa Amini está enterrada. Multidão marcha pela estrada que leva ao Cemitério de Aychi, onde Mahsa Amini está enterrada, perto de Saqez, no Irã, nesta captura de tela tirada de um vídeo de mídia social divulgado em 26 de outubro de 2022
Reprodução via Reuters
Forças de segurança iranianas abriram fogo contra pessoas que se reuniram na cidade curda da jovem Mahsa Amini, Saqez, para marcar 40 dias desde que ela morreu sob custódia policial, afirmou uma testemunha nesta quarta-feira, enquanto a mídia estatal disse que as pessoas no cemitério entraram em confronto com a tropa de choque.
“A tropa de choque atirou em pessoas que se reuniram no cemitério para a cerimônia memorial de Mahsa… dezenas foram presas”, disse a testemunha.
A agência de notícias semi-oficial do Irã Isna informou que cerca de 10.000 pessoas se reuniram no cemitério, acrescentando que a internet foi interrompida após confrontos entre forças de segurança e pessoas no local.
Vídeos nas redes sociais mostraram milhares de iranianos marchando em direção ao cemitério onde Amini está enterrada, apesar da forte presença da polícia de choque. Ativistas convocaram protestos em todo o país para marcar 40 dias desde que ela morreu depois de ser detida por “trajes impróprios”.
Protestos ocorreram também em várias universidades no Teerã e em outras partes do país. Um vídeo mostra estudantes, usando o hijab, na Universidade Alzahra no Teerã, capital do Irã, gritando: “Eu sou uma mulher livre, você é uma prostituta!”, querendo dizer que os homens são imorais, não as mulheres. Veja abaixo:
Mulheres de véu protestam em universidade no Teerã: ‘Sou uma mulher livre’
As manifestações desencadeadas pela morte da jovem de 22 anos enquanto estava sob custódia da polícia da moralidade do Irã em 16 de setembro se tornaram um dos maiores desafios à liderança clerical desde a revolução de 1979.
Uma grande variedade de iranianos saiu às ruas, com alguns pedindo a queda da República Islâmica e cantando “Morte ao (líder supremo aiatolá Ali) Khamenei”.
Uma testemunha disse que “homens e mulheres se reuniram em torno do túmulo de Amini no cemitério de Aichi em Saqez, cantando ‘Mulher, Vida, Liberdade'”. Outra testemunha em Saqez contou que o cemitério estava cheio de membros da milícia Basij e da tropa de choque.
Temendo que o aniversário de 40 dias da morte de Amini alimentasse mais protestos violentos, a polícia alertou sua família para não realizar uma procissão, disseram grupos de direitos humanos.
No entanto, o governo do Curdistão negou qualquer limitação estatal para a realização de um serviço memorial, acrescentando que “foi decisão de sua família não realizar uma reunião”, segundo a mídia estatal.
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