Antes rejeitada pelos franceses, a bicicleta se tornou ‘o meio de transporte mais vendido’ em 2021, graças à ajuda para reparo e aquisição de novos modelos, disse Borne. Pessoas andam de bicicleta em nova ciclovia feita durante a quarentena em Paris
Christophe Ena/AP
Fazer da França uma “nação de bicicletas”. Esse é o projeto anunciado, nesta terça-feira (20), pela primeira-ministra francesa Elisabeth Borne, ao lançar um novo plano destinado a favorecer o acesso da população à bicicletas e que contará com financiamento de € 250 milhões (R$ 1,3 bilhão), em 2023. O número de ciclistas cresceu mais de 10% no país, este ano.
A bicicleta é um meio de transporte “acessível, ecológico e bom para a saúde”, um “é bom para o desenvolvimento da prática desportiva” e “para a nossa economia”, defendeu a chefe de governo.
Há quatro anos, quando ainda era ministra dos Transportes, Borne já havia lançado um primeiro plano voltado para bicicletas, dotado de € 350 milhões, ao longo de 7 anos (2018-2025), aos quais se juntaram mais € 150 milhões do plano de recuperação do Estado, após a pandemia de Covid-19.
O governo avaliou a iniciativa como “um verdadeiro sucesso”, nas palavras de Borne, que estava acompanhada de vários ministros, como Clément Beaune (Transportes) e Christophe Béchu (Transição Ecológica), que chegaram, ambos, pedalando para a ocasião.
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Béchu destacou que os créditos do primeiro plano “foram gastos em apenas quatro anos”.
Antes rejeitada pelos franceses, a bicicleta se tornou “o meio de transporte mais vendido” em 2021, graças à ajuda para reparo e aquisição de novos modelos, disse Borne.
Além disso, foram criados cerca de 14 mil quilômetros de ciclovias 160 mil jovens participaram de treinamento para “saber andar de bicicleta”. Este segundo plano continuará a desenvolver infraestruturas cicláveis. Do total anunciado, € 85 milhões (R$ 437 milhões) já são previstos para esse ano.
A França é o segundo país depois da Alemanha em cicloturismo, com rotas cada vez mais importantes e bem equipadas. O país é coberto por dez rotas europeias, ou seja, 8.000 km, com 90% delas concluídas. O plano nacional de ciclovias abrange 13.000 km, dos quais aproximadamente 75% já foram concluídos.
Cresce o número de ciclistas
O uso da bicicleta aumentou 11%, nos primeiros 9 meses de 2022, em relação ao mesmo período do ano passado, e 33% em relação a 2019, de acordo com a rede Vélo & Territoires, que compila dados de cerca de 300 pontos de contagem de bicicletas no país. Os pontos com mais passagens desse tipo de veículo estão em Paris, Estrasburgo, Grenoble e Nantes.
Com o início do ano letivo, o contador que fica no Boulevard de Sébastopol, o mais movimentado de Paris, bateu um recorde na sexta-feira (16 ), com 19 mil passagens de bicicletas (nos dois sentidos), segundo o site da prefeitura. Nas zonas rurais, no entanto, o ciclismo ainda é “frágil”, especifica a Vélo & Territoires.
Uma pesquisa da Union Sport & cycle, que representa empresas do setor, aponta que 65% dos franceses pedalaram pelo menos uma vez nos últimos 12 meses. A prática de lazer continua a ser maioria (50% dos pesquisados), a desportiva representa (26%), enquanto 18% dos ciclistas utilizaram a bicicleta para deslocamentos diários.
O uso da bicicleta no entanto, exige a instalação de infraestruturas seguras para os ciclistas, como ciclovias separadas do resto do trânsito.
Vendas explodem
As vendas de bicicletas explodiram na França com a greve dos transportes, no final de 2019, e depois com a pandemia de Covid-19. Quase 2,8 milhões de unidades foram vendidas em 2021, ou seja, 4% em um ano, apesar da escassez de peças que desacelerou a produção global.
Os ciclistas franceses investem nas bicicletas elétricas, que já representam quase um quarto das vendas. Um modelo elétrico é vendido, em média, por € 1.993 (quase R$ 10 mil). O preço médio das bicicletas clássicas é de € 423 (pouco mais de R$ 2 mil).
Marcas poliesportivas como Decathlon ou GoSport respondem por dois terços do volume de vendas, mas muitas pequenas oficinas e lojas ressurgiram.
Não mais “Made in France”
“Apesar de um forte histórico industrial da bicicleta, a França produz, atualmente, o equivalente a um quarto das bicicletas vendidas em seu território”, ou 800.000 unidades, lamentou o deputado Guillaume Gouffier-Cha (LREM), em seu relatório sobre a setor do ciclismo, no início de 2022.
Ainda que a produção tenha crescido acentuadamente na França ( 25% em um ano, em 2021), as importações também aumentaram 20%, principalmente de Portugal, Itália e Romênia. A indústria francesa planeja se aproximar de um milhão de unidades, em 2022, sendo a maioria de bicicletas elétricas.
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