Thais Azevedo passou pela tragédia que atingiu Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, em janeiro de 2011. Morando na Flórida há um ano, ela conta que mesmo com monitoramento antes da tempestade sente medo por não saber como furacão vai atingir a região. Thais mora há um ano nos Estados Unidos e está apreensiva com a aproximação do furacão
Thais Azevedo/Arquivo pessoal
Morando há um ano na Flórida, nos Estados Unidos, Thais Azevedo, de 27 anos, está vivendo momentos de apreensão com a chegada do Furacão Ian – que passou por Cuba.
Natural de Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio, ela lembra da experiência com desastre natural que teve em janeiro de 2011 na cidade.
“Eu particularmente estou muito apreensiva, a gente teve a tragédia de 2011 e a experiência que eu tenho com catástrofe e desastre natural foi horrível. Tenho me sentido muito apreensiva porque a gente fica nessa incerteza de não saber como vai atingir, nem o que vai ser, a categoria, os danos. Fico com muito medo do que pode acontecer por causa do trauma que eu tenho de 2011”, relata.
Thais foi para os Estados Unidos em agosto de 2021 através do programa au pair – pessoas que viajam a um país diferente para ajudar uma família a cuidar dos filhos pequenos -, ao g1 ela contou que começou a monitorar desde segunda-feira (26) a aproximação do furacão através de um aplicativo.
Furacão Ian se dirige ao Sul dos EUA com ventos que chegam a 249 km/h
Monitoramento
Morando em Orlando, ela conta que tecnicamente a cidade que deveria ser mais atingida pelo furacão é Tampa Bay, onde tem amigos e namorado, e a região onde está ficaria fora da rota. Mas a situação mudou.
“Eu nunca passei por essa situação, mas a família que eu moro estava muito tranquila, falando que seria só uma chuva e tenho amigos que moram aqui há mais tempo falando a mesma coisa. Mas desde segunda-feira como ia ser mais catafórico em Tampa, essa área começou a ser evacuada devido ao risco de enchente, mas área de Tampa Bay não tá nem mais na rota e a previsão é que chegue aqui em Orlando nesta quinta, por volta das 14h”, conta.
Na cidade está tudo fechado, como farmácia, lojas e postos de combustíveis. O pai da família que ela mora tentou comprar gasolina para o gerador que tem na residência e não achou. Desde segunda-feira (26) não conseguem achar nos mercados água e papel-higiênico.
Com a estimativa do furacão chegar nesta quinta-feira (29), ela conta ao g1 que alguns preparativos estão sendo feitos. Entre eles, tirar tudo do lado de fora da casa que possa voar e quebrar vidros e janela. Dentro casa eles possuem dois cômodos que são os mais seguros para caso a situação ficar muito ruim.
‘Só quero que passe logo’
Infográfico mostra projeção esperada para trajetória do furacão Ian
Arte g1
Por estar em Orlando, estão longe da água e não correm tanto risco de enchente, mas ela explica que o problema é a chance de ser tornar um tornado, o que é um risco maior pra cidade. Por causa do furacão, a Disney fechou por dois dias os parques da Flórida e as companhias aéreas brasileiras cancelaram voos para Orlando.
“Não tem o que fazer, tem que esperar. Muda o tempo todo e muito rápido. É muita gente falando muita coisa sobre isso o tempo todo que deixa a gente muito confuso. As pessoas gostam de espalhar o caos, então exageram as vezes”, relata.
Thais fala que conhece muitos brasileiros na cidade que também nunca passaram por isso e todos estão apreensivos.
“A gente vê pessoas muito desesperados e outras que não tá nem ai, então a gente fica sem saber como se sente: será que vai ser tão horrível como estão falando ou quem não tá nem ai tá certo? A única coisa que eu quero é que passe logo e peço a Deus todos os momentos que não faça tantos danos”, afirma.
Eles estão seguindo todas as recomendações das autoridades. Na parte em que está em Orlando, não houve pedido de evacuação, mas recebeu um alerta que outros pontos começaram a ser evacuados. Todos os celulares recebem o alerta.
Brasileira em Orlando mostra cidade com a aproximação de furacão
Na Flórida muitas pessoas colocam madeira na janela para caso alguma coisa venha com o vento e assim protege o vidro, conta Thais. Os moradores também colocam sacos de areia na porta, pois se vier agua na enchente, ajuda evitar de entrar. Os sacos estavam sendo distribuídos pelo governo.
Thais compara a situação com Nova Friburgo, dizendo que a diferença é o preparo de uma área para outra. A tragédia de 2011 na Região Serrana do Rio é considerada a maior catástrofe climática do Brasil e deixou mais de 900 mortos.
“A vantagem é que aqui eles são muito bem mais preparados, lá em Friburgo pegou a gente de surpresa. Mas aquele trauma, tudo que a gente passou vem na cabeça. O que me deixa mais apreensivo é passar longe da minha família”, afirma.
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