Dois filhos e nora da ativista desapareceram durante a ditadura militar nos anos 1970 na Argentina. Hebe de Bonafini
Divulgação
A líder das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini, faleceu neste domingo (20), aos 93 anos, informaram fontes próximas à líder argentina dos direitos humanos.
Bonafini teve alta no dia 13 de outubro, depois de passar três dias internada no Hospital Italiano da cidade de La Plata para exames médicos. Após algumas semanas, foi internada novamente no dia 12 de novembro. A causa da morte não foi esclarecida.
A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, lamentou a morte da líder em suas redes sociais.
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“Querida Hebe, Mãe da Plaza de Mayo, símbolo mundial da luta pelos direitos humanos, orgulho da Argentina. Deus te chamou no Dia da Soberania Nacional… não deve ser coincidência. Simplesmente obrigada e até sempre, ” escreveu a vice-presidente.
O presidente argentino Alberto Fernández também lamentou a morte, dizendo que o país se despede com profunda dor e respeito de Hebe de Bonafini, “incansável lutadora pelos direitos humanos”. Ele decretou luto de 3 dias no país.
No dia 30 de abril de 1977, em plena ditadura militar na Argentina, 14 mulheres se reuniram na Praça de Maio, em frente à sede do governo em Buenos Aires, para protestar por seus filhos desaparecidos, iniciando assim mais de 40 anos de uma luta incansável por verdade, memória, justiça e pela vida.
Desde aquele dia, o número de mulheres que se reunia todas as quintas-feiras para exigir informação sobre os desaparecidos foi aumentando e, em 14 de maio de 1978, foi criada a Associação das Mães da Praça de Maio.
A Secretaria de Direitos Humanos argentina compartilhou no Twitter seu “profundo pesar pela morte de Hebe de Bonafini, uma figura emblemática na luta pelos direitos humanos na Argentina e no mundo”.
Após o desaparecimento de dois dos seus filhos durante a última ditadura civil-militar, a organização recordou: “Hebe partilhou com as mães um destino que as uniu na luta contra a impunidade dos crimes de terrorismo de Estado, resistindo ao silêncio e ao esquecimento”.
“A sua vida e obra, o seu exemplo de empenho e dedicação às causas populares constituem um legado que nos acompanhará para sempre, orientando-nos no caminho da defesa dos direitos humanos e da memória, verdade e justiça, mas também na luta contra a impunidade e o neoliberalismo “, acrescentou a pasta liderada por Horacio Pietragalla.
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Biografia
Bonafini nasceu em 4 de dezembro de 1928 em um bairro popular da cidade de Ensenada. Em 29 de dezembro de 1942, aos 14 anos, casou-se com Humberto Alfredo Bonafini, com quem teve três filhos: Jorge Omar, Raúl Alfredo e María Alejandra.
Em 8 de fevereiro de 1977, durante a ditadura cívico-militar, seu filho Jorge Omar foi sequestrado em La Plata. Em 6 de dezembro do mesmo ano, aconteceu o mesmo com Raúl Alfredo, em Berazategui. Um ano depois, em 25 de maio de 1978, a ditadura militar também sequestrou a sua nora María Elena Bugnone Cepeda, esposa de Jorge.
Em 1979, tornou-se presidente da Associação Mães da Praça de Maio e, desde então, era reconhecida como uma influente ativista de direitos humanos.
Em outubro, Hebe foi internada no Hospital Italiano, na cidade de La Plata, para exames médicos, durante três dias.
Antes da internação, a ativista havia liderado a reunião na Praça de Maio na quinta-feira, dia 6 de outubro. No dia 5, Hebe esteve no Centro Cultural Kirchner para a inauguração de uma exposição fotográfica em sua homenagem.
Na ocasião, ela agradeceu pelas fotos com imagens de seus filhos Jorge Omar e Raúl Alfredo. “Esqueci quem eu era no dia em que eles desapareceram, nunca mais pensei em mim”, disse.
Revendo sua biografia, Hebe afirmou que seus pais e avó lhe ensinaram “o valor do trabalho”, enquanto seus filhos desaparecidos lhe ensinaram “o que é política”.
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