Volodimir Zelensky, morador de vilarejo na região do Donbass, no leste da Ucrânia, relatou ter passado oito meses escondido em um porão por medo de que lhe confundissem com presidente ucraniano de mesmo nome. Volodimir Zelensky, homônimo do presidente ucraniano, em sua casa da região do Donbass, no leste da Ucrânia, em 26 de outubro de 2022.
Dimitar Dilkoff
No fim de abril, quando os soldados russos bateram em sua porta num pequeno vilarejo ocupado do leste da Ucrânia para verificar a identidade dos sobreviventes, Volodimir Zelensky se preguntou o que poderia acontecer.
O soldado russo que checou seu passaporte caiu na gargalhada: “É isso pessoal, a guerra acabou, podemos ir para casa! Nós pegamos o presidente!”, exclamou.
Volodimir Zelensky prendeu a respiração quando o soldado quis levar seu documento como uma recordação”. “Eu disse a ele: ‘mas que recordação? Não posso viver sem meu passaporte!”, contou, ao explicar que conseguiu fazer com que eles o devolvessem.
Nascido em 1958 em Bakhmut, cidade do leste da Ucrânia, quando o país ainda fazia parte da União Soviética, de uma mãe trabalhadora nas minas de carvão e um pai operário, este aposentado ucraniano foi motorista do exército soviético e trabalhador da construção.
Sem parentesco conhecido com o presidente ucraniano, seu homônimo de um vilarejo no Donbass, cujo nome não será divulgado por questões de segurança, passou estes oito meses de guerra e bombardeios escondido em um porão.
“Tinha parado de fumar e, obviamente, voltei a fazê-lo”, lamentou.
Parecido
Em sua pequena casa com papel de parede floral, mas mergulhada na escuridão e no frio, o vento gerado por uma explosão sacode a lona de plástico que cobre a janela.
Seu vilarejo, libertado em 30 de setembro pelas forças ucranianas, agora é alvo da artilharia russa.
Valentina, sua mulher, havia deixado o local no começo da guerra, mas Volodimir não quis abandonar a casa, o sonho de toda uma vida que ele terminou de quitar em 2003: com sua varanda, sua churrasqueira e o tanque onde ele costumava pesca carpas.
No álbum de família, ele mostra uma foto de si mesmo quando jovem, vestido com uniforme militar. “Não acho que sou parecido com presidente em nada”, afirmou.
“Vocês se parecem sim!”, exclamou sua mulher, sentada em um banquinho do outro lado da sala.
O casal deveria comemorar neste dia 22 anos de casados, mas, no vilarejo arrasado pelos combates, Volodimir não encontrou flores.
‘Pessoas comuns’
Valentina Zelenska afirma que tanto o nome de seu marido como o sobrenome são bastante comuns na Ucrânia, assim como na Rússia, mas ela não conhece outro que não seja o seu esposo e o presidente ucraniano eleito em 2019.
O aposentado lembrou o entusiasmo que sentiu na hora de votar em seu xará, mas, depois de alguns anos no poder, não vê as mudanças que acreditou que ele traria. Sobretudo, sente-se decepcionado porque o presidente se recusa, segundo ele, a pôr fim à guerra.
“Ele disse que só negociaria com o próximo presidente da Federação da Rússia. Mas, se Putin permanecer no poder por mais dez anos, teremos dez anos de guerra? O povo não suporta mais”, afirmou.
Assim como muitos moradores de sua geração no Donbass ucraniano, Volodimir considera a Ucrânia sua “pátria”. No entanto, este ex-soldado soviético não esconde certa nostalgia pelo regime socialista, que ele afirma ter trazido paz e prosperidade para sua geração.
“O que você quer, os presidentes passam e nós, as pessoas comuns, ficamos”, concluiu o homônimo do presidente.
- MPT investiga condições de trabalho de operários estrangeiros em obra da fábrica da BYD na Bahia; construção começou há 8 meses
- Moradores de Camaçari Enfrentam Descaso no CRAS: Documentos Jogados e Falta de Atendimento
- Caetano denuncia compra de votos
- Debate para Prefeitura de Camaçari tem perguntas sobre corrupção, geração de emprego e segurança pública
- Camaçari pode ter segundo turno pela primeira vez; veja quem são os candidatos à prefeitura
- Dólar cai quase 1% no dia após fala de Lula sobre fiscal e recua 0,7% na semana; bolsa perde 2%
- Dívida pública deve ultrapassar 100% do PIB em 2030, estima IFI
- Dólar retoma alta e bate R$ 6,29 após nova intervenção do BC; Ibovespa sobe
- Dólar dispara e fecha a R$ 6,26, nova máxima histórica; bolsa cai mais de 3%
- Juros devem cair só no segundo semestre de 2025, projeta CNI
- Governo se defende e tenta afastar imagem de “desidratação do pacote fiscal”
- “Minha intenção é permanecer no Senado”, diz Pacheco
- Votação do orçamento fica para o ano que vem
- Câmara conclui votação de projeto que incentiva transição energética
- Pacheco considera sessão no sábado (21) para votar Orçamento