No radar dos investidores estavam dados econômicos dos Estados Unidos, que sugerem menor risco de recessão e menos chance de cortes agressivos nos juros pelo Federal Reserve
O Ibovespa renovou a máxima desde dezembro de 2023 pela segunda sessão seguida e o dólar subiu nesta quinta-feira (15), em um cenário de otimismo global, com investidores analisando dados da economia dos Estados Unidos que afastam temores de recessão.
As vendas no varejo dos EUA subiram mais do que o esperado em julho, enquanto menos norte-americanos que o previsto entraram com pedidos de auxílio-desemprego na semana encerrada em 10 de agosto.
Os números reforçam a perspectiva de “pouso suave” da economia em meio uma política monetária mais restritiva das últimas duas décadas, enquanto diminuem a possibilidade de corte de juros mais agressivo pelo Federal Reserve (Fed) em setembro.
O Ibovespa fechou o dia com avanço de 0,63%, aos 134.153 pontos, perdendo parte do fôlego que fez o indicador superar a máxima histórica durante a sessão.
O movimento segue cenário positivo nas principais praças da Europa e em Wall Street.
Foi a oitava alta seguida do principal índice do mercado brasileiro, período que marca valorização acima de 7%.
Após operar a maior parte do dia em queda, o dólar virou de sinal e passou a subir ante o real no fim da sessão, encerrando o dia com avanço de 0,28%, a R$ 5,484 na venda.
O movimento acompanhando a alta da divisa ante a maioria das demais moedas no exterior após a divulgação de dados positivos sobre a economia norte-americana.
Otimismo com EUA
Dados da economia dos EUA nesta semana deram ânimo aos investidores de queda dos juros pelo Fed no próximo mês, além de afastar o temor de que as atividades caminham para recessão.
Hoje, números positivos nas vendas do varejo deram sinal de que a demanda não está em colapso e levou os mercados financeiros a reduzir as expectativas de um corte de 50 pontos-base na taxa do banco central norte-americano.
Além disso, menos norte-americanos do que o esperado entraram com pedidos iniciais de auxílio-desemprego na semana encerrada em 10 de agosto, sugerindo que uma desaceleração gradual do mercado de trabalho permanecia, embora trabalhadores demitidos estejam tendo um pouco de dificuldade para conseguir novos empregos.
“A máxima do mercado é que ele tende a precificar o que ainda deve acontecer e as novas expectativas. Um dos grandes temores que presenciamos recentemente é o risco de recessão nos EUA; contudo, a nova dinâmica tem mostrado que não é algo tão preocupante, ou melhor, algo tão grave”, contextualiza Sidney Lima, Analista CNPI da Ouro Preto Investimentos.
Jefferson Laatus, chefe-estrategista do grupo Laatus, pontua que a queda dos juros nos EUA tende a favorecer o mercado doméstico pelo movimento de carry trade, com migração de investimentos para países emergentes.
“O diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos, com o aumento esperado aqui e o corte esperado lá fora, está aumentando significativamente. Além disso, a redução na posição de Carry Trade em relação ao iene japonês também contribui para essa dinâmica. Em resumo, esse cenário sugere um dólar mais fraco e perspectivas mais positivas para a bolsa brasileira, diz.
Cena local
No ambiente doméstico, investidores digeriram novas falas de Lula sobre a economia, além de ainda repercutirem falas de autoridades monetárias nos últimos dias reforçando de que a Selic pode voltar a subir caso seja necessário para trazer a meta da inflação para a meta.
Nesta manhã, o presidente afirmou que precisa indicar o novo presidente do Banco Central, em substituição a Roberto Campos Neto, “agora” para que a substituição do cargo ocorra no final do ano.
O plano traçado para antecipar o nome do Banco Central para agosto, além do objetivo de esvaziar o poder de Campos Neto, alvo recorrente de críticas de Lula, diminuindo a tensão entre a instituição e o governo federal, tem também um cálculo econômico.
Lula ainda disse que é preciso baixar a taxa de juros do Brasil para o que chamou de “patamar razoável”, ao mesmo tempo que fez a avaliação de que, caso o Fed reduza a taxa de juros, ficará mais fácil reduzir o custo de empréstimos no Brasil.
*Com Reuters e Estadão Conteúdo
Fonte: CNN Brasil