O principal índice do mercado de ações brasileiro caiu 2,29%, aos 97.926 pontos. Sede da B3
Amanda Perobelli/Reuters
O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, opera em leve alta nesta sexta-feira (24). Na véspera, ele fechou em forte queda nesta, com investidores acompanhando os novos episódios de tensão entre governo federal e Banco Central.
Às 10h06, o índice subia 0,15%, aos 98.120 pontos. Veja mais cotações.
Na quinta-feira, o índice caiu 2,29%, aos 97.926 pontos. Com o resultado, passou a acumular perdas de 6,68% no mês e de 10,76% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
O cenário econômico está turbulento em vários países do mundo. O exterior está num clima de aversão a risco, com crises de bancos nos Estados Unidos e na Europa. Nesta manhã, por exemplo, ações do banco alemão Deutsche Bank caíam mais de 10%.
A semana foi marcada também pela divulgação dos juros tanto nos EUA como no Brasil. Ambos os resultados vieram dentro das expectativas de mercado:
Nos EUA, O Fed elevou em 0,25 ponto percentual a taxa de juros para uma faixa de 4,75% a 5%.
No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu manter a Selic, em 13,75% ao ano, também sem surpresa.
Em nota emitida após reunião, o Comitê afirmou que, embora a reoneração dos combustíveis tenha reduzido a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo, ainda permanecem alguns fatores de risco para o cenário inflacionário.
São eles: a maior persistência das pressões inflacionárias globais, a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública e uma desancoragem maior, ou mais duradoura, das expectativas de inflação para prazos mais longos.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reagiu: “Eu considerei o comunicado preocupante, muito preocupante, porque hoje divulgamos relatório bimestral mostrando que nossas projeções de janeiro estão se confirmando sobre as contas públicas”, afirmou o ministro.
No Ibovespa, o principal impacto ficou com as ações mais cíclicas da bolsa (que acompanham os ciclos econômicos). Quando os juros sobem, normalmente as companhias que possuem capital aberto e precisam de bastante fluxo de caixa ficam prejudicadas, esclarece o economista Bruno Mori, sócio-fundador da consultoria Sarfin.
“O custo do capital fica mais alto e espreme as margens de lucro. Assim, o mercado precifica uma lucratividade futura mais baixa. A conta é feita a partir de uma provável distribuição de futuros dividendos”, diz. “Então, ao invés de comprar ações com expectativas de receber bons dividendos, o que o mercado faz de maneira geral é vender ações e comprar títulos de renda fixa.”
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