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Mercedes-Benz vai reduzir produção e adotar turno único em SP por até 3 meses

Mercedes-Benz vai reduzir produção e adotar turno único em SP por até 3 meses

Medida passa a valer em maio, segundo sindicato. Uma das justificativas para a redução são os reflexos da alta taxa de juros brasileira no setor de caminhões.

A Mercedes-Benz informou nesta quarta-feira (5) aos seus funcionários que irá diminuir a produção em 2023 e adotar turno único na fábrica de caminhões em São Bernardo do Campo (SP). A redução da jornada ocorrerá a partir de maio e deve durar entre dois e três meses.

Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a empresa justificou a necessidade de ajuste por falta de peças e queda de demanda provocada pela alta taxa de juros no país — que está em 13,75% ao ano desde agosto de 2022. A empresa ainda não se pronunciou.

“É urgente abrir novas modalidades de financiamento do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] e baixar a taxa de juros para a retomada do setor. Os juros altos prejudicam o crescimento, impedem a melhoria da produção e a geração de empregos, com efeitos nocivos no setor de caminhões e autopeças”, afirmou o diretor-executivo do sindicato, Aroaldo Oliveira da Silva.

A montadora já havia anunciado férias coletivas para 300 colaboradores entre 3 de abril a 2 de maio. A empresa tem cerca de 8 mil trabalhadores, sendo 6 mil na produção e outros 2 mil na produção no segundo turno — que terá operação suspensa temporariamente.

A queda da demanda por caminhões ocorre também em meio a veículos mais caros, com mais equipamentos de controle de poluição. No setor, houve em 2022 a antecipação das compras devido ao Euro 6 — um conjunto de normas regulamentadoras sobre emissão de poluentes para motores diesel.

“Estamos já em um processo de negociação com a empresa para avaliarmos as medidas possíveis e necessárias. Vamos pensar os próximos passos e as alternativas para atravessar esse período”, afirmou Aroaldo.

Taxa de juros:

Com a taxa de juros mantida em 13,75% pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, medida criticada pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os financiamentos ficam mais caros e o crédito mais difícil, o que impacta nos investimentos.

De acordo com a Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), a taxa de juros no mercado para aquisição de veículos ao ano chegou a 28,71% em dezembro de 2022. Em caminhões e ônibus, houve a redução da participação do BNDES Finame e aumento dos financiamentos de mercado.

Em 2016, o Finame era responsável por 62% entre as modalidades de pagamento. No 3º trimestre de 2022, 28%. Já os financiamentos saíram de 17%, em 2016, para 40% no período, segundo dados da Anef, com elaboração da Subseção do Dieese dos Metalúrgicos do ABC.

Fonte: g1

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