Luiz Gonzaga escapou da morte na Estrada de Santos, em São Paulo, e fez uma música sobre o acidente. Franklin Maxado, menino de 8 anos hoje com 80, o viu cantá-la na Marechal, aqui em Feira de Santana. O poeta nunca esqueceu. Solta a voz e canta o estribilho “Luiz Gonzaga não morreu/ nem a sanfona dele desapareceu…”. Gonzaga cantava nas ruas, nos abrigos, sobre marquises. Em Feira não faltam relatos sobre sua presença carismática em diversos pontos da cidade, inclusive no Centro de Abastecimento comprando carne-de-sol para presentear amigos no Rio de Janeiro. É muito frequente a relação de Luiz Gonzaga, e por consequência, o forró com a cidade da Feira de Santana. Carecemos de um pesquisador como Kidelmir Dantas para dar a dimensão precisa. Luiz Gonzaga tatuou o forró na Feira. Uma dessas marcas é o sanfoneiro Baio do Acordeon (André Galdino), personagem vivo de uma história bastante, mas não suficientemente, conhecida em Feira de que ele foi presenteado com uma das sanfonas brancas com as quais o Rei enfrentou a ascenção vertiginosa da Jovem Guarda, distribuindo-as a sanfoneiros jovens e talentosos que cultuassem (e dessem continuidade) e enfrentassem, com o forró legítimo, a vertiginosa ascenção do yê yê yê de Erasmo e Roberto Carlos. O velho era um lutador. Como são geralmente todos os sanfoneiros. Em Feira são muitos que moram aqui e trabalham por toda a região. São muitos, dá pra fazer um Natal Encantado só com eles.
foto/ArquivoBF: Samba de Bié no Centro de Abastecimento