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Pérsio Arida diz que queda de juros projetada é ‘razoável’ com ‘política fiscal responsável’ no Brasil

Pérsio Arida diz que queda de juros projetada é ‘razoável’ com ‘política fiscal responsável’ no Brasil


Economista disse que a velocidade de reação do Banco Central do Brasil mostra a “virtude” de quem esteve atento ao problema inflacionário. Central das Eleições entrevistou o assessor econômico do PSDB, Pérsio Arida
GloboNews/Reprodução
O economista Pérsio Arida, que integra o comitê econômico de transição do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), disse nesta quarta-feira (9) que acredita que a queda de juros projetada pelo mercado financeiro deve se cumprir a depender da responsabilidade fiscal do país e da trajetória de juros nos Estados Unidos.
A Selic, taxa básica de juros do país, passou por 12 altas seguidas entre 2021 e 2022, para conter a inflação de dois dígitos a que o país chegou por efeitos da pandemia e problemas internos.
“A queda de juros projetada pelo mercado parece razoável, mas depende da política fiscal responsável no Brasil e da taxa de juros americana. São as duas preocupações que podem afetar a taxa de juros mais a frente”, afirmou o economista.
Arida participou de seminário da Câmara de Comércio França-Brasil nesta manhã. Conforme anunciado pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin na terça-feira, ele compõe o grupo de trabalho de Lula, ao lado de André Lara Resende, Guilherme Mello e Nelson Barbosa.
O economista, que foi presidente do Banco Central, foi questionado sobre o trabalho do órgão na escalada rápida dos juros nos últimos anos. Arida diz que a velocidade de reação do BC mostra a “virtude” de quem esteve atento ao problema inflacionário.
“O que aconteceu nos Estados Unidos, com o chamado novo enquadramento da política monetária, que a inflação não deveria correr o risco de cair abaixo de zero, acabou subindo muito mais. Foi um erro de perspectiva. O BCE e o inglês repetiram o erro”, disse.
Para Arida, não apenas o Brasil, mas a América Latina como um todo, soube reagir melhor ao choque inflacionário global. Para ele, a agressividade das políticas monetárias são uma mostra de que os países da região estão mais adaptados à situação porque a inflação é mais “presente” que em economias desenvolvidas.
“Estaríamos pior se o BC tivesse tardado a subir os juros”, afirmou Arida.
Reforma tributária
Arida também comentou a perspectiva de aprovação de uma reforma tributária no próximo governo. Para o economista, há duas vertentes principais quando se fala em uma reforma ampla de tributos, sendo o aumento de competitividade e produtividade, e a reparação de desigualdades sociais.
O economista diz que o primeiro fator, que passaria pela inserção do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), está mais “amadurecida” e deve ser uma das prioridades do novo governo.
“É uma ótima notícia, mas o diabo mora nos detalhes: vai implementar por quanto tempo? Ela é neutra? Não afeta subsídios? Vai ter que comportar algumas exceções, como a Zona Franca de Manaus”, ponderou.
“Mas, dito isso, mesmo considerando soluções para aprovar medidas aqui e ali, já seria um enorme avanço”, prossegue.
Segundo Arida, seriam duas fases. A primeira, de criação do IVA e redução de outros impostos para que a arrecadação permaneça constante. Depois de 10 anos, seriam eliminados impostos de intermediação.
“Isso facilitaria o ganho de produtividade no Brasil. O processo de desindustrialização que se discute, se resolve com tributos mais eficientes. O avanço está na mesa. Espero que vá acontecer”, disse Arida.
Já para o segundo tópico, o economista entende que um aumento de carga tributária para os mais ricos ainda carece de “consenso”.

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