Banco aumentou provisões por conta de programas de Microfinanças e Consignado do Auxílio Brasil. Instituição registrou lucro líquido contábil de R$ 9,8 bilhões em 2022, uma queda de 43,4% em relação a 2021. Sede da Caixa Econômica Federal
Bento Viana/Divulgação
A presidente da Caixa Econômica Federal, Maria Rita Serrano, e o vice-presidente de finanças e controladoria, Marcos Brasiliano, comentaram nesta quinta-feira (23) os resultados financeiros do banco em 2022 durante coletiva de imprensa realizada pela manhã, em São Paulo.
O banco registrou lucro líquido contábil de R$ 9,8 bilhões em 2022, uma queda de 43,4% em relação a 2021. Segundo os diretores, as provisões de crédito do banco cresceram quase 40% em 2022 em relação a 2021, o que pressionou a margem de lucro.
Provisões são os recursos reservados pelos bancos para se precaverem de calotes nos pagamentos de empréstimos concedidos. Em 2022, a Caixa reservou para provisão de crédito uma quantia de R$ 15,6 bilhões. Em 2021, foram R$ 11,1 bilhões.
Segundo Brasiliano, o aumento foi causado principalmente pelo programa de microfinanças, que teve uma inadimplência inicial de 80%, e pelo consignado do Auxílio Brasil.
O executivo diz que o resultado recorrente segue na média dos últimos quatro anos (cerca de R$ 10 bilhões), mas que a taxa Selic elevada também contribuiu para diminuir o lucro do banco.
“Temos uma carteira de longo prazo, indexada a custos menores. A Selic aumentou o custo de captação e apertou nossas margens”, declarou.
A presidente da Caixa criticou as decisões de negócio da gestão anterior, e disse que, juntos, os programas comprometeram o orçamento do banco por conta do tamanho da operação.
Maria Rita disse, ainda, que recordes de lucro, como obtidos em 2019 e 2021, não devem se repetir porque foram baseados em vendas de ativo do banco.
“Este cenário não teremos mais, pois não é nossa pretensão vender ativos do banco ou abrir capital. O objetivo do governo é manter a Caixa como uma empresa pública.”
A presidente da Cixa Rita Serrano
Fátima Meira/Futura Press/Estadão
Balanço de 2022
Além do lucro líquido contábil de R$ 9,8 bilhões no ano, os ganhos do banco no quarto trimestre foram de R$ 2,2 bilhões — 31,3% abaixo dos R$ 3,2 bilhões registrados no mesmo período de 2021.
Já o lucro recorrente (que desconsidera efeitos extraordinários) foi de R$ 9,2 bilhões em 2022 e de R$ 2 bilhões no quarto trimestre.
Ainda segundo o banco, a carteira de crédito encerrou o ano com um saldo de R$ 1 trilhão, o que representa um avanço de 16,7% em comparação a 2021. Só no quarto trimestre, foram concedidos R$ 123,9 bilhões, alta de 7,2% em 12 meses.
‘Ano polêmico’
Serrano classificou 2022 como um ano “polêmico”, marcado por uma “crise reputacional” ocasionada pelas denúncias de assédio sexual e moral contra o ex-presidente da companhia, Pedro Guimarães.
“Foi um ano bastante complexo e polêmico para a Caixa, passamos pela pior crise reputacional dos últimos anos quando o dirigente foi acusado de assédio sexual e moral. Todo o processo investigativo interno foi encerrado e os relatórios encaminhados para os órgãos competentes. Aguardamos ansiosamente pela posição da justiça”, disse ela.
“Outra questão foi que vivemos de um processo de desmantelamento do banco, alta rotatividade de empregados em cargos de direção, venda de ativos e assédio moral contra os empregados”, diz.
A presidente disse, ainda, que o banco tem “plena consciência” de necessidade de melhorar o atendimento para os clientes e a população atendida pelos programas sociais.
Copom mantém Selic em 13,75% ao ano pela 5ª vez
Financiamento habitacional tem futuro incerto
Serrano disse que a decisão do Copom de manter a taxa básica de juros em 13,75% ano gerou um problema de funding para o banco.
“Dependemos de poupança e do fundo de garantia. Com saques na poupança consistentes no ano passado (mais de R$ 100 bilhões no mercado, e R$ 33 bilhões na Caixa), parte disso escoou para outros investimentos com taxa de juros mais alta, e isso nos apertou”.
“É o principal funding para fazer programa habitacional com taxas mais baixas. Vamos ter um problema de sustentabilidade de funding e teremos que recorrer a outros fundos que são mais caros. Quero destacar que é um problema que nós temos que resolver”, diz a presidente.
Diante da taxa, Brasiliano diz que o banco vai precisar optar entre emprestar menos dinheiro e manter a taxa atual, ou aumentar a oferta de crédito imobiliário a uma taxa mais alta. Segundo ele, a diretoria ainda está discutindo qual vai ser o plano de negócios daqui para a frente.
“Taxa de juros é consequência. Não é uma opção. O que é opção é a margem. Em função do ambiente de linhas de captação mais caras, ou faz menos com a taxa atual ou faz mais com uma recomposição de taxa porque precisamos de mais funding com custo maior”, diz ele.
Já em relação ao programa Minha Casa, Minha Vida, que terá foco maior na faixa 1 (com subsídio de 85% a 95% do governo), Serrano esclarece que os recursos para o subsídio vão sair do Tesouro Nacional e que o papel da Caixa é garantir a operacionalização e o que programa gera recursos de prestação de serviços para o banco.
O balanço divulgado ontem mostrou que as contratações do Programa Casa Verde e Amarela totalizaram R$ 70,5 bilhões em 2022. Do total de contratos, 71% foram destinados aos grupos 2 e 3 (faixa de renda de R$ 2,4 mil até R$ 8,0 mil).
Serrano e Brasiliano não sabem ainda qual será o futuro dessas faixas. “Não significa que vai haver diminuição de empreendimentos das outras faixas, mas o governo com certeza vai priorizar a faixa 1”, disse.
Em relação ao mercado de crédito, ele diz que, mesmo diante das dificuldades impostas não só pelos juros, mas pelo comprometimento da renda das famílias, existe uma expectativa do mercado de crescimento em torno de 8% — que deve ser a mesma para o banco público.
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