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Eleições legislativas: campanha chega ao fim na Itália, com vantagem para extrema direita

Eleições legislativas: campanha chega ao fim na Itália, com vantagem para extrema direita


Giorgia Meloni pode ser a primeira dirigente de um partido pós-fascista a ocupar a chefia de governo do país, um dos fundadores da União Europeia. Apoiadores políticos da extrema direita italiana vão às ruas em Roma
Andreas SOLARO / AFP
Na véspera das eleições legislativas na Itália, a extrema direita está confiante na vitória neste domingo (25), no que pode significar a primeira dirigente de um partido pós-fascista a ocupar a chefia de governo do país, um dos fundadores da União Europeia. A campanha eleitoral se encerrou na noite desta sexta-feira (23), com todos os candidatos submetidos à lei do silêncio até o fechamento das urnas.
Giorgia Meloni, líder do partido Fratelli d’Italia (Irmãos da Itália), realizou o último comício de campanha em Nápoles, símbolo do sul da Itália empobrecido, dizendo ser “uma patriota”. “Tudo que ela diz, ela faz”, comentou à AFP Leone Carmelo, um cozinheiro de 71 anos.
As últimas pesquisas de intenções de voto, publicadas há duas semanas, apontam que ela deve conseguir entre 24 e 25% das cédulas, suficientes para vencer o Partido Democrata, com entre 22 e 22%, e o Movimento Cinco Estrelas, com 13 a 15%. Até a data limite para a publicação de pesquisas, havia de 20 a 25% de indecisos.
Apesar de as sondagens indicarem vantagem para a candidata do Fratelli d’Itália (Irmãos da Itália), “as cartas não estão todas na mesa” alertou nesta sexta-feira o cientista político Franco Pavoncello, da Universidade Jonh Cabot, de Roma.
Esperança do partido de centro-esquerda
Giuseppe Conte, ex-primeiro-ministro italiano, durante evento do “Movimento 5 estrelas”
Yara Nardi/REUTERS
A margem dá esperança ao partido de centro esquerda, que teve o seu último comício em Roma. Um militante idoso ouvido pela reportagem RFI disse que nasceu durante o fascismo e não querer morrer com a Itália de novo à extrema direita.
“O fascismo era o nacionalismo extremo, assim como é Meloni hoje. Há uma conexão. Não digo que sejam a mesma coisa, mas a história está se repetindo de uma forma diferente”, disse.
A expectativa é de que a abstenção será alta, de até 30%, após uma campanha eleitoral marcada pela apatia, com poucas mobilizações de massa. O cientista político ouvido pela AFP também frisa que o Movimento 5 Estrelas “pode ir melhor que o esperado”.
O partido, liderado pelo ex-primeiro-ministro Giuseppe Conte, espera frear a ascensão da direita e complicar a vitória anunciada do bloco ultraconservador, que poderia conquistar entre 45 e 55% das cadeiras no Parlamento, segundo antecipam as pesquisas. A controversa lei eleitoral favorece os partidos que formam alianças, o que amplia a vantagem do bloco de direita diante de seus adversários de centro e esquerda, que estão altamente divididos.
Silêncio dos candidatos
Silvio Berlusconi (centro), Giorgia Meloni (esq.) e Matteo Salvini (dir.) em Roma
Alessandro Bianchi/REUTERS
As regras eleitorais italianas determinam que os candidatos não podem se pronunciar em público desde as 23 horas de sexta-feira até o fechamento das seções, na noite de domingo. Mais de 50 milhões de italianos estão convocados às urnas para votar em um complexo sistema misto eleitoral, entre majoritário e proporcional, e eleger 400 deputados e 200 senadores.
Nesta semana, o magnata Silvio Berlusconi, aliado de Giorgia, causou alvoroço ao defender Vladimir Putin, seu amigo durante os anos em que era primeiro-ministro. Ele afirmou que o presidente russo foi “empurrado” pela população e as forças pró-russas do Donbass a invadir a Ucrânia.
O outro aliado de Giorgia Meloni, Matteo Salvini, líder da Liga (de extrema direita), exigiu “uma desculpa pública ou a renúncia” da presidente da Comissão Europeia,  Ursula von der Leyen, por suas declarações sobre “os instrumentos” que tem para sancionar as possíveis violações, pela Itália, dos princípios democráticos da União Europeia.
A candidata mantém uma posição dúbia com a União Europeia – se, por um lado, abandonou o projeto de deixar o bloco europeu e apoia abertamente a Ucrânia no conflito com a Rússia, por outro, não hesita em demonstrar proximidade com ultranacionalista húngaro Viktor Orban.
“Nós queremos uma Itália forte, séria e respeitada na cena internacional”, destacou.

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