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Carestia sufoca feirenses

Carestia sufoca feirenses

Na propaganda eleitoral, Jair Bolsonaro, o “mito”, jacta-se da redução momentânea da inflação. Na vida real, os brasileiros penam para garantir o essencial, que é se alimentar todos os dias. Catando fiapos de conversas aqui e ali – andar pelas ruas é termômetro para saber como anda a vida das pessoas – é possível construir uma noção do sufoco diário. Flagrei uma cena que é muito ilustrativa dos malabarismos impostos aos brasileiros:

-Eu tenho dinheiro na conta, mas falei para o cara que não podia transferir, porque é para pagar o outro cartão. Se eu não pagar o cartão vou comer o quê?

O cidadão saltara do carro e fora quitar a compra de uma peça automotiva ou um acessório qualquer. Chateado, reclamava do vendedor – intransigente – que, anteriormente, dificultara a transação. Foi forçado a buscar um segundo cartão de crédito para arrematar a compra. O primeiro não tinha crédito e o dinheiro na conta era para quitar a fatura. Como tantos brasileiros, vai se equilibrando com os cartões, parcelando compra até de comida.

Situações do gênero são comuns e o cenário tende a piorar. Afinal, a efêmera melhora se deve às medidas reeleitorais do “mito” para se manter no poder a qualquer preço. A fatura virá mais à frente, mas, até lá, as eleições terão passado. Como se sabe, mais quatro anos de fome, miséria e desigualdade não constrangem a claque aboletada no poder. Desde que o “mito” não vá para o xadrez, para eles, está tudo bem.

O Brasil já viveu momentos mais auspiciosos, com debate qualificado sobre os rumos do País. Naquela época, debatiam-se perspectivas, traçavam-se rumos. Havia, portanto, horizontes. Hoje, o que há é, metaforicamente, um longo, tortuoso, escuro, esfumaçado e perigoso túnel que conduz ninguém sabe ao quê. Talvez as eleições permitam que se supere o horror. Ou não. Basta que o “mito” bata o pé e não aceite os resultados, como promete fazer.

Caso permaneça no poder na marra – escudando-se nos milicos, nos milicianos, nos mercadores da fé – o Brasil vai, efetivamente, se tornar um pária. É, atualmente, mas por enquanto existe a perspectiva de deixar de sê-lo. Provavelmente a Venezuela não será nada comparando com isso aqui. Alcançaremos o patamar do Afeganistão, do Iraque, da Síria. Talvez coisa ainda pior.

Por enquanto, o que há é a carestia, a fome, a desigualdade, a exclusão, a violência, a implosão dos alicerces da sociedade. Mas o que é ruim pode se tornar pior. Sempre.

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