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Desafios da política externa de Lula convergem, principalmente, no compromisso com a preservação da Amazônia

Desafios da política externa de Lula convergem, principalmente, no compromisso com a preservação da Amazônia


Presidente eleito ouve de líderes internacionais o interesse em recuperar o diálogo e retomar a pauta ambiental, paralisada no governo Bolsonaro. Lula discursa para eleitores após ser eleito presidente, em São Paulo, outubro de 2022
CARL DE SOUZA / AFP
Numa coreografia sincronizada, o presidente dos EUA, Joe Biden, e líderes de países europeus e latino-americanos reconheceram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva como presidente eleito do Brasil, assim que a apuração terminou. A pressa tinha vários simbolismos: reconhecer a lisura das eleições, tão questionada pelo presidente Jair Bolsonaro, e demonstrar apoio uníssono ao Brasil defendido por Lula em sua política externa e que nos últimos quatro anos mergulhou no ostracismo.
“O Brasil está de volta”, repetiu Lula ao adaptar a frase usada por Biden após derrotar Donald Trump nas eleições americanas de 2020. “Voltar” significa retomar o protagonismo na cena internacional, o multilateralismo, as conferências internacionais, o pragmatismo e o diálogo sobre mudanças climáticas e preservação da Amazônia.
Em mensagens e telefonemas, chefes de governo comungavam dos mesmos interesses com o interlocutor: resgatar a pauta ambiental, que foi minimizada durante o governo Bolsonaro e traduzida em crescentes índices de desmatamento.
O sinal mais sugestivo veio da Noruega, que anunciou na segunda-feira o desbloqueio das verbas do Fundo Amazônia, de cerca de R$ 2,5 bilhões, paralisado desde 2019. Os repasses foram suspensos por Noruega e Alemanha, depois que o governo brasileiro rompeu o acordo, extinguindo dois comitês que eram responsáveis pela gestão da verba.
Sobrevoo mostra desmatamento em área da floresta amazônica em Manaus, no Amazonas.
REUTERS/Bruno Kelly/File Photo
Lula expressou a intenção de participar da COP-27, este mês no Egito, e fazer um périplo por vários países antes de tomar posse, para tentar recuperar a imagem do Brasil, achincalhada no exterior pelo negacionismo do atual presidente com a proteção ambiental, pelo combate à pandemia do novo coronavírus e pelas ofensas pessoais a vários líderes.
Trazer o país isolado de volta à cena internacional, como importante ator político, será, então, a primeira batalha do presidente eleito. A mudança de estratégia em relação ao meio ambiente foi assegurada por ele, no discurso de vitória. “Agora, vamos lutar pelo desmatamento zero da Amazônia O Brasil e o planeta precisam de uma Amazônia viva. Uma árvore em pé vale mais do que toneladas de madeira extraídas ilegalmente por aqueles que pensam apenas no lucro fácil, às custas da deterioração da vida na Terra.”
Presidente da Argentina, Alberto Fernandez, com Lula nesta segunda-feira (31) em SP
Reuters
Na América Latina, o Brasil precisa retomar o papel de liderança, abandonado nos últimos quatro anos por diferenças ideológicas entre Bolsonaro e os países liderados por governos alinhados à esquerda. Caberá a Lula também ajudar a destravar o acordo de livre comércio entre União Europeia e Mercosul, que esbarrou também nas reticências do bloco em relação à Amazônia.
O alívio e o otimismo com a mudança de interlocutor foram refletidos nas ligações de líderes para o presidente eleito. Mas também ficou evidente que os maiores desafios da política externa do Brasil de Lula convergirão em seu compromisso com a preservação da floresta.

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