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Em respiro para setor automotivo, vendas de veículos novos disparam em março

Em respiro para setor automotivo, vendas de veículos novos disparam em março

Levantamento da Fenabrave mostra que emplacamentos subiram 53% entre fevereiro e março. No fim do mês, montadoras anunciaram paralisações em fábricas brasileiras por redução de demanda.

O país registrou 198,9 mil emplacamentos de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus no mês de março, uma alta de 53% comparado ao mês anterior. O resultado foi divulgado nesta terça-feira (4) pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Além do aumento expressivo, o salto foi de 35,5% sobre o mesmo mês de 2022. Assim, o setor fechou o primeiro trimestre com alta de 16,3% nas vendas, chegando a 471,6 mil unidades. Em 2022, o trimestre havia fechado com queda de 23% em relação a 2021.

Em março, apenas o segmento de caminhões apresentou performance negativa na comparação anual, recuando 7,3%, para 9.389 veículos.

“São cinco dias úteis a mais no mês [contra fevereiro] e a base do ano passado é muito baixa. O resultado engana. Quando comparamos com 2019, ainda estamos 22% abaixo”, diz a economista Tereza Fernandez, economista da TF Associados.”

Paralisação de montadoras
O resultado de vendas fortes em março contrasta com as paralisações de fábricas brasileiras, anunciadas pelas montadoras no fim do mês passado. Volkswagen, GM, Stellantis, Mercedes-Benz e Hyundai precisaram parar a produção e colocaram funcionários em férias coletivas pela redução de demanda.

Como mostrou o g1, analistas que acompanham o setor afirmam que o encarecimento do crédito junto com a redução do poder de compra da população reduziu o potencial de financiamento e, por consequência, a demanda por carros novos.

São efeitos dos aumentos da taxa básica de juros, a Selic, feitos pelo Banco Central desde 2021, que começaram, enfim, a trazer consequências mais fortes para a economia. Uma delas é, justamente, a redução do consumo por meio da dificuldade de concessão de crédito.

Dados da Fenabrave mostram que janeiro e fevereiro de 2023 foram meses ruins no setor. Janeiro teve queda de 34% nos emplacamentos comparado ao mês anterior — ainda que o número seja 12% maior que o observado em janeiro de 2022.

Em fevereiro, nova queda: 9% em relação a janeiro. Contra o mesmo mês de 2022, o acumulado também passou ao campo negativo: recuo de quase 2%. Considerando apenas automóveis, houve redução de 7% e 4,2%, respectivamente.

As montadoras dizem que estão ajustando a produção à nova demanda do mercado, que se reduziu com o aumento dos juros e encarecimento dos financiamentos.

O excedente de produção, em tese, deveria criar novas condições para a comercialização de veículos — a famosa lei da oferta e demanda —, mas analistas dizem que as montadoras não podem abrir mão das margens de lucro por conta do momento que viveram durante a pandemia de Covid.

Com custo de produção em alta devido aos entraves logísticos e falta de matéria-prima durante os últimos anos, as empresas precisam recuperar o “dinheiro perdido”. Ainda que as cadeias logísticas tenham melhorado em 2022, houve a guerra na Ucrânia que trouxe novos impactos em preços de commodities necessárias para a indústria.

É o caso de metais usados em semicondutores, peças responsáveis pela condução das correntes elétricas. São chips indispensáveis para a montagem de automóveis e eletroeletrônicos — que também tiveram aumento de demanda durante a pandemia.

Além disso, o mercado está em momento de alta competitividade, já que as montadoras correm contra o relógio em busca de desenvolver veículos que funcionem com novas matrizes energéticas, por exemplo. A eletrificação da linha demanda investimentos em pesquisa e eficiência, para que o produto final tenha preço competitivo dentro do mercado.

Fonte: g1

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