O foco dos investidores está no cenário externo, uma vez que os mercados seguem se posicionando para o início do governo Trump, que retorna à Casa Branca em 20 de janeiro
O dólar fechou esta quarta-feira (8) em alta frente ao real pela segunda sessão consecutiva, após notícia de que o presidente eleito Donald Trump está considerando o uso de medidas de emergência para permitir um novo programa de tarifas.
O divisa norte-americana à vista encerrou o dia com alta de 0,08%, cotado a R$ 6,1106 na venda. Já o Ibovespa, índice de referência do mercado acionário brasileiro, encerrou o pregão com queda de 1,27%, a 119.624,51 pontos, tendo marcado 121.160,25 pontos na máxima e 119.800,84 pontos na mínima da sessão.
Nesta manhã, o foco dos investidores estava no cenário externo, uma vez que os mercados seguem se posicionando para o início do governo Trump, que retorna à Casa Branca em 20 de janeiro.
A CNN informou mais cedo que o presidente eleito está considerando declarar emergência econômica nacional nos EUA como uma forma de garantir justificativa legal para a imposição de tarifas de importação sobre aliados e adversários quando tomar posse.
Após a notícia, os agentes financeiros voltaram a demonstrar receios pelas promessas tarifárias do republicano, que são consideradas inflacionárias por analistas, o que pode manter a taxa de juros dos EUA elevada e aumentar os rendimentos dos Treasuries, tornando o dólar mais atrativo.
Cenário internacional
O movimento era uma reversão do maior apetite por risco observado na última segunda-feira (6), quando uma reportagem do The Washington Post havia sugerido que assessores de Trump estariam planejando tarifas apenas sobre importações de setores críticos para os EUA, o que fez a moeda norte-americana ceder.
Os mercados também continuam digerindo dados divulgados na terça-feira (7) que reforçaram a percepção de resiliência da economia norte-americana, outro impulso para o dólar.
Um relatório do governo mostrou que o número de vagas de emprego em aberto para o mês de novembro teve uma alta inesperada, sinalizando que o mercado de trabalho dos EUA continua sólido, apesar de desacelerar gradualmente.
Uma pesquisa do Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM) ainda apontou que o setor de serviços dos EUA, que compõe dois terços da economia do país, voltou a acelerar sua expansão em dezembro.
Os dados recentes sobre a economia dos EUA têm consolidado as expectativas de que o Federal Reserve reduzirá o ritmo de afrouxamento da política monetária, com 95% de chance das autoridades manterem os juros inalterados na reunião deste mês.
“Esse conjunto de informações, mercado de trabalho mais aquecido, atividade de serviços mais aquecida e uma possível resiliência inflacionária no setor de serviços, todos sugerem a ideia de que o Federal Reserve não vai ter muito espaço para novos cortes de juros”, disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
O Fed divulga mais tarde a ata da reunião de política monetária de dezembro, quando reduziu os juros em 25 pontos-base, encerrando o ano de 2024 com 100 pontos acumulados de afrouxamento em três movimentos.
Cenário doméstico
O mercado segue receoso em relação ao cenário fiscal brasileiro, com dúvidas sobre o compromisso do governo em equilibrar as contas públicas, o que foi o principal fator para o dólar ultrapassar e se manter acima do nível de R$ 6 no fim do ano passado.
Na frente de dados, o IBGE relatou que a produção industrial brasileira registrou queda de 0,6% em novembro na comparação com o mês anterior.
O destaque da semana no Brasil será a divulgação do IPCA de dezembro na sexta-feira (10), à medida que os agentes financeiros seguem preocupados com a trajetória da inflação no país.
No Brasil, economistas da XP projetaram a taxa básica Selic em 15,50% ao final do ciclo de alta (de 15,00% antes), postergando o início do ciclo de cortes para 2026, conforme “as expectativas de inflação de curto e médio prazos continuam se afastando da meta”, afirmaram em relatório nesta quarta-feira.
Os economistas, liderados por Caio Megale, também revisaram a projeção para a taxa de câmbio de 2025, de R$ 5,85 para R$ 6,20 por dólar, diante das incertezas domésticas.
Para Benassi, da Monte Bravo, o comportamento do Ibovespa no dia também sugere uma correção das últimas duas altas, já que o desempenho positivo do indicador no início da semana pareceu mais “movimento de repique do que uma mudança de fundamentos”.
Fonte: CNN Brasil