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Presidente iraniano pede à polícia que atue com ‘firmeza’ contra manifestantes

Presidente iraniano pede à polícia que atue com ‘firmeza’ contra manifestantes


Manifestações seguem em todo o país após a morte de uma mulher sob custódia da polícia dos costumes. Presidente iraniano, Ebrahim Raisi, durante coletiva de imprensa em agosto de 2022
Majid Asgaripour/WANA (West Asia News Agency) via REUTERS
O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, pediu à polícia que atue “com firmeza” diante das manifestações que abalam o país desde a morte de uma jovem detida pela polícia da moral, e nas quais mais de 40 pessoas já morreram.
No sábado, foram realizadas manifestações em vários países, incluindo Estados Unidos, França, Iraque e Chile, em apoio ao movimento que eclodiu após a morte de Mahsa Amini, uma jovem de 22 anos detida pela polícia por supostamente usar o véu de maneira “inapropriada”.
São os maiores protestos no país desde novembro de 2019 contra o aumento do preço da gasolina e que foram severamente reprimidos (230 mortos segundo balanço oficial, mais de 300 de acordo com a Anistia Internacional).
Protestos tomam conta das ruas de Teerã, no Irã
WANA (West Asia News Agency) via REUTERS
As autoridades negam qualquer envolvimento na morte da jovem, mas desde 16 de setembro, dia de sua morte, iranianos furiosos saem às ruas todas as noites para se manifestar.
De acordo com um balanço oficial, 41 pessoas morreram nos protestos, incluindo manifestantes e policiais.
Mas, segundo a ONG Iran Human Rights (IHR), com sede em Oslo, pelo menos 54 pessoas morreram na repressão aos protestos.
Iraniano abraça policial em protesto pró-véu em Teerã, em 23 de setembro de 2022
Majid Asgaripour/Wana/Reuters
O presidente ultraconservador Ebrahim Raisi, que chamou as manifestações de “motins”, pediu no sábado “às autoridades competentes que ajam com firmeza contra aqueles que ameaçam a segurança e a paz do país e do povo”.
E pediu para “distinguir entre manifestações e perturbação da ordem e segurança públicas”.
Na mesma linha, o chefe do Judiciário, Gholamhossein Mohseni Ejei, salientou a necessidade de “agir de forma decisiva e sem clemência” contra os principais instigadores dos “motins”, segundo o site Mizan Oline.
Manifestação pró-governo
Governo do Irã convoca protesto para conter maior onda de manifestações dos últimos anos
O ministério das Relações Exteriores iraniano apontou um suposto papel dos Estados Unidos nos protestos e alertou que “os esforços para violar a soberania do Irã não ficarão sem resposta”.
O ministro do Interior, Ahmad Vahidi, citado pela agência oficial IRNA, disse esperar que “a justiça processe rapidamente os principais responsáveis e líderes dos distúrbios”, depois que a polícia anunciou a prisão de mais de 700 pessoas.
De acordo com o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), com sede nos Estados Unidos, 17 jornalistas foram detidos desde o início dos protestos.
Manifestação a favor do governo do Irã em Teerã, em 23 de setembro de 2022
Majid Asgaripour/Wana/Reuters
As autoridades convocaram para este domingo uma nova manifestação a favor do governo.
Na noite de sábado, houve manifestações em várias cidades do país, incluindo a capital Teerã, onde um vídeo que se tornou viral mostrava uma mulher andando na rua com a cabeça descoberta e acenando com o lenço, ignorando os códigos de vestimenta.
No Irã, as mulheres devem cobrir o cabelo e o corpo abaixo dos joelhos e não devem usar calças apertadas ou com rasgos, entre outras coisas.
O principal partido reformista do Irã pediu no sábado que o Estado suspenda a obrigação de as mulheres usarem véu em público e libertasse os detidos.
Mulheres queimam véu islâmico no Irã
Nos protestos, várias mulheres queimaram seus véus.
A Anistia Internacional acusou as forças de segurança de “disparar deliberadamente munição real contra manifestantes” e pediu “ação internacional urgente para acabar com a repressão”.
A Internet ainda sofria perturbações, e o WhatsApp e o Instagram seguiam bloqueados.
O NetBlocks, um site com sede em Londres que monitora os bloqueios da Internet em todo o mundo, também informou que o Skype foi bloqueado.
O Irã convocou os embaixadores do Reino Unido e da Noruega para denunciar uma “ingerência”.
O diretor de cinema iraniano duas vezes vencedor do Oscar Asghar Farhadi pediu aos cidadãos de todo o mundo que “se solidarizem” com os manifestantes e elogiou as “mulheres progressistas e corajosas que lideram os protestos por seus direitos”.

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