Rebelião contra o governo iraniano começou em 17 de setembro, em reação à prisão seguida de morte de Mahsa Amini, de 22 anos, por uso de ‘roupas inadequadas’. Neste sábado, atos de protesto foram registrados nas 31 províncias do país e em mais de 150 cidades pelo mundo. Presidente do Irã diz que não vai aceitar caos, após protestos varrerem o país
Estudantes saíram às ruas de várias cidades iranianas neste sábado (1°), dando início à terceira semana de contestação no país. A dura repressão às manifestações já deixaram mais de 80 mortos. Atos de apoio à mobilização foram realizadas em várias cidades pelo mundo.
Publicações nas redes sociais neste sábado mostravam protestos em várias universidades do país. Na capital iraniana, estudantes pediram libertação de manifestantes presos desde o início da revolta, e a polícia usou bombas de gás lacrimogênio para dispersá-los.
Na sexta-feira (30), na cidade de Zahedan (sudeste), 19 pessoas morreram em confrontos depois de rumores que uma jovem havia sido estuprada por membros das forças de segurança. O governador da província onde fica Zahedan afirmou que bancos e lojas foram alvo de vandalismo durante o protesto.
O movimento de contestação teve início após a morte de Mahsa Amini, iraniana de origem curda de 22 anos, em 13 de setembro. Ela foi detida em Teerã pela polícia da moral sob a justificativa de uso de roupas inadequadas.
Mulher corta o cabelo em público como forma de protesto no Irã
Yasin AKGUL / AFP
Segundo o irmão da jovem, que testemunhou a detenção, ela teria deixado parte dos cabelos à mostra sob o véu islâmico, obrigatório no país. Gravemente ferida, Mahsa foi transferida da prisão para um hospital, onde morreu, três dias depois. As autoridades iranianas recusam qualquer responsabilidade em sua morte.
As primeiras manifestações ocorreram em 17 de setembro e se espalharam rapidamente pelas 31 províncias do país. Os protestos uniram todas as categorias sociais, inclusive minorias étnicas e religiosas e se viraram contra o governo.
O movimento é duramente reprimido pelas forças de ordem; as autoridades locais classificam os manifestantes de “baderneiros”. Segundo a ONG Human Rights Watch, ao menos 83 pessoas morreram nos confrontos, entre civis e policiais. O governo iraniano, que ameaçou diversas vezes os manifestantes, culpa os Estados Unidos de explorar os problemas sociais para tentar desestabilizar o Irã.
Multidão protesta em mais de 20 cidades do Irã contra morte de mulher que não usava véu
Atos em apoio aos iranianos pelo mundo
Milhares de pessoas saíram às ruas de cerca de 150 cidades pelo mundo neste sábado, em apoio aos iranianos. Em Roma, cerca de mil pessoas marcharam e pediram justiça para Mahsa Amini. Em Tóquio, manifestantes exibiram faixas com a mensagem “Não vamos parar”.
Em Saqez, no Curdistão iraniano, cidade de onde Mahsa era originária, os manifestantes voltaram a protestar na sexta-feira (30). “Mulheres, vida, liberdade!”, gritaram homens e mulheres, entoando o lema do movimento de contestação.
Na sexta-feira, o governo iraniano anunciou a prisão de nove estrangeiros nas manifestações no país, cidadãos da Alemanha, Polônia, Itália, França, Holanda e Suécia. Segundo Teerã, eles foram abordados nos locais de “rebelião”. O Ministério das Relações Internacionais indicou neste sábado ter pedido às autoridades locais contato com um holandês preso.
No total, desde o início da revolta, mais 1.200 manifestantes foram detidos. Segundo ONGs, entre os presos estão militantes dos direitos humanos, advogados e jornalistas.
Governo do Irã convoca protesto para conter maior onda de manifestações dos últimos anos
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