Em entrevista à revista Veja, ex-presidente falou sobre seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid e investigação da Polícia Federal (PF)
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que “ao que tudo indica, alguém fez besteira”, ao comentar a investigação da Polícia Federal (PF) sobre fraude em cartões de vacinação de sua família e de seu ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid.
Em entrevista à revista Veja, Bolsonaro ainda chamou de “esculacho” o fato de ter prestado depoimento à Polícia Federal (PF) três vezes nos últimos dois meses: “O pessoal está vindo para cima de mim com lupa. Eu esperava perseguição, mas não dessa maneira. Na terça-feira, nem tinha deixado o prédio da PF ainda e a cópia do meu depoimento já estava na televisão. É um esculacho.”
Ele acrescentou: “Todo o meu entorno é monitorado desde 2021. Quebraram os sigilos do coronel Cid para quê? Para chegar a mim.”
Cid ficou em silêncio nesta quinta durante depoimento à Polícia Federal (PF) no âmbito da operação em que foi preso no dia 3 de maio. Ex-assessores de Bolsonaro, Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, também foram presos.
“Ao que tudo indica, alguém fez besteira. Não estou batendo o martelo. Da minha parte não tem problema nenhum”, disse o ex-presidente.
Bolsonaro ainda declarou que não foi ele quem indicou o tenente-coronel à Ajudância de Ordens, mas “não queria acusá-lo de nada”: “Quem indicou o Cid foi o comando do Exército da época, mas ele me serviu muito bem. Nunca tive nenhum motivo para desconfiar dele, e não quero acusá-lo de nada. Eu tenho um carinho muito especial por ele. É filho de um general da minha turma, considero um filho.”
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro estava no local da entrevista e acabou participando.
Ao ser perguntada sobre sua relação com Mauro Cid, ela disse que ele apenas pagava suas contas, mas que todo dinheiro saía da conta pessoal de Bolsonaro e que não havia recurso público envolvido.
No celular de um dos alvos da operação da PF, o ex-candidato do PL Bolsonaro Ailton Barros, foram encontrados diálogos sobre um golpe de Estado após as eleições com Cid e com o ex-número 2 da Saúde e assessor da Casa Civil, coronel Elcio Franco.
Na entrevista, Bolsonaro disse sobre Ailton: “Duas vezes por ano tinha encontro de paraquedistas e ele estava lá. Se você conversar com ele, em trinta segundos já não quer mais conversa. Ele mandou um áudio para alguém dizendo que mobilizaria 1 500 homens para um golpe, coisa assim. O Ailton não mobiliza meia dúzia de jogadores de dominó. Se conversar com ele, vai ver isso. É um coitado.”
O ex-presidente alegou que, se no entorno de seu núcleo político a possibilidade de golpe era discutida, “ao meu conhecimento não chegou”.
Ele ainda comentou que acredita que “não há motivos” para sua prisão e, ao falar dos atos criminosos de 8 de janeiro em Brasília, Bolsonaro declarou: “Foi uma coisa infeliz o que aconteceu, só prejudicou a direita, a mim e deu um fôlego à esquerda. Muitos inocentes presos, lamentavelmente. Nada justifica entrar e quebrar patrimônio. Marginais fizeram aquilo.”
Fonte: CNN Brasil