Associação de importadores diz que preço por aqui está abaixo da paridade internacional. Governo pressiona para manter preços baixos até o segundo turno das eleições. Era uma vez um país onde o preço da gasolina disparou – e virou motivo de preocupação para um presidente que buscava se reeleger.
Na cruzada contra essa alta, houve troca de executivos na Petrobras, corte de tributos à base da ‘canetada’ e redução forçada da arrecadação de impostos dos estados.
Com uma (grande) ajuda dos preços do petróleo lá fora e do arrefecimento do dólar, deu certo: depois de bater R$ 7,39 o litro em junho, a gasolina caiu para R$ 4,81 no final do mês passado, o menor valor do ano. O diesel não teve tanta sorte, mas também caiu em comparação com o pico.
Abastecimento em posto de combustíveis de Piracicaba, no interior de São Paulo
Reprodução/ EPTV
Passado o primeiro turno das eleições, os combustíveis estão um pouco fora do foco da discussão. A preocupação, no entanto, é o assunto voltar à baila. Com tanta pressão, a gasolina hoje está mais barata aqui do que lá fora. Pelo menos, é o que diz a associação dos importadores.
Nesta sexta-feira, a entidade apontou que, enquanto a Petrobras vende o litro da gasolina a R$ 3,53 o litro, em média, lá fora ele custa mais caro: para alcançar o preço internacional, deveria haver um reajuste por litro de R$ 0,32, em média. Já o diesel tem uma defasagem de R$ 0,62 por litro.
ENTENDA: Como são formados os preços da gasolina e do diesel?
GASOLINA OU ETANOL? Veja como fazer a conta e escolher o mais vantajoso
É que, lá fora, o preço do petróleo voltou a subir, depois que a Opep, o cartel que reúne os maiores exportadores da commodity, decidiu cortar a produção para, exatamente, forçar os preços para cima.
E vai subir aqui?
Por aqui, tudo indica que (por enquanto) não. Enquanto o preço baixo não repercute tanto, se subir vai pegar mal. Por isso, o governo Bolsonaro pressiona a Petrobras a segurar os preços dos combustíveis até o segundo turno das eleições, como já apontaram as colunistas Ana Flor e Andreia Sadi.
A pressão vai até a possibilidade de trocar diretores da estatal, conforme mostrou o colunista do g1 Valdo Cruz (a diretoria também é responsável por definir os reajustes de preços).
Com isso, é pouco provável que os brasileiros tomem algum susto nas bombas agora. Mas, em três semanas, o ciclo eleitoral acaba. E, a depender dos rumos do petróleo lá fora, dia 1º de novembro isso pode mudar.
A Petrobras, ao fim, é uma empresa com ações em bolsa – e a paridade de preços internacionais faz parte da política da empresa. Manter preços artificialmente baixos pode prejudicar a companhia e, na ponta, levar à responsabilização dos dirigentes da empresa.
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