Atingida por uma explosão no sábado, sua construção foi condenada pela ONU e serve de apoio à logística da guerra russa. Explosões destroem parte da única ponte entre Rússia e Crimeia
A decisão de construir uma ponte ligando a Crimeia à Rússia foi tomada em 2014, logo após a anexação ilegal do território ucraniano, e tornou-se uma obsessão para o presidente Vladimir Putin. Quatro anos depois, ele a inaugurou, percorrendo seus 19 quilômetros a bordo de um caminhão: concluída antes do prazo previsto, a maior ponte da Europa era também um poderoso símbolo da ocupação russa na Ucrânia.
Putin responsabilizou os ucranianos pela explosão que destruiu trechos da parte rodoviária da ponte sobre o Estreito de Kerch e justificou a retaliação: “É impossível deixar um crime como esse sem resposta.” Ordenou pesados ataques aéreos sobre cidades do país vizinho, a começar pela capital Kiev, que reviveu o horror dos bombardeios.
A autoria da explosão da ponte, bem como o método utilizado, ainda estão em aberto. O chanceler ucraniano, Dmytro Kuleba, assegurou que Putin não foi provocado a retaliar pela Ponte da Crimeia, mas simplesmente externou seu desespero pelas derrotas que vem sofrendo.
“Ele usa o terror dos mísseis para tentar mudar o ritmo da guerra a seu favor.”
Embora negue a participação na explosão, a Ucrânia sempre viu a Ponte da Crimeia como primeiro alvo de resposta à invasão russa, iniciada em 24 de fevereiro. O major-general Dmytro Marchenko explicitou o objetivo em junho passado: “Assim que essas artérias forem cortadas, eles entrarão em desespero”, resumiu.
Mísseis atingem ponte de vidro em Kiev
Chefe de gabinete do presidente Volodymyr Zelensky, Mikhail Podolyak corroborou a ideia da destruição, sob a alegação de que estaria assegurada no direito internacional: A Crimeia é da Ucrânia, que não deu permissão para a sua construção. Após a explosão, no sábado, contudo, ele se voltou para os russos, a quem atribuiu a logística da detonação e a sincronia com a pequena área destruída.
Desde o início da guerra, a Ponte da Crimeia foi superprotegida pela Rússia, com barcos da polícia na superfície e mergulhadores, além de sistemas de defesa anti-mísseis e até golfinhos treinados para afastar o risco de sabotagem.
Golfinhos são usados como ‘espiões’ pelo Exército russo na guerra na Ucrânia
Como observou a jornalista russa Yekaterina Mereminskaya, em geral as pontes são símbolos de unidade. A da Crimeia, porém, isolou a Rússia da comunidade internacional; sua construção foi condenada pela Assembleia Geral da ONU.
“A Ponte da Crimeia é um símbolo da Rússia de Putin: imperialismo, corrupção, propaganda e seu efeito sobre o povo, bem como o reflexo das sanções ineficazes do Ocidente”, resumiu Mereminskaya em artigo publicado no “The Moscow Times”.
A jornalista reportou sobre a obra desde os seus primórdios para o jornal “Vedomosti”. A construção foi tocada sem licitação pela empresa Stroygazmontazh, do oligarca Arkady Rotenberg, amigo de Putin e seu ex-treinador de judô, também alvo de sanções dos EUA.
Tenente brasileiro conta como foi lutar na Ucrânia: ‘Não tinha uma noite que eu ia deitar sem medo’
Mereminskaya conta que viu contratos mudarem de valores e consumirem US$ 4,8 bilhões, para a transformação da Crimeia em uma região modelo da Rússia. “Esta ponte pode ter sido uma preparação para a guerra ou pode ter sido o resultado de miopia política”, constata a jornalista
A Rússia tem instalações militares na península, utilizada como centro logístico para a sua ocupação na Ucrânia. Parte da estrutura da ponte foi danificada, limitando temporariamente a circulação de 15 mil veículos por dia e desviando também o curso da guerra para o coração dos centros urbanos.
- Debate para Prefeitura de Camaçari tem perguntas sobre corrupção, geração de emprego e segurança pública
- Camaçari pode ter segundo turno pela primeira vez; veja quem são os candidatos à prefeitura
- Seis são investigados por suspeita de receber R$ 16,5 milhões em propina para conceder licenças ambientais do Inema na Bahia
- Sete unidades SAC passam a emitir a nova carteira de identidade em Salvador e na Região Metropolitana; confira
- Empresa produtora de resinas termoplásticas abre inscrições para programa de estágio 2025; há vagas para Salvador e Camaçari
- Com tributária e investimento, Fazenda crê que PIB poderá crescer de 3% a 3,5% sem inflação
- O que a vitória da direita e do centrão sinaliza sobre a condução da economia do país
- Bancos brasileiros melhoram previsão para crédito em 2024 e 2025, mostra pesquisa
- Fitch descarta elevar classificação de crédito do Brasil no curto prazo
- Moody’s eleva nota de crédito do Brasil e país se aproxima de grau de investimento
- Lula sanciona Acredita, que concede crédito a empreendedores
- Desbloqueio do X: Moraes envia pedido para manifestação da PGR após pagamento da multa
- Terceiro voo de repatriados está previsto para esta quarta-feira
- “Será super bem-vindo no MDB”, diz Nunes sobre possível expulsão de Tomás Covas do PSDB
- 3 dos 5 prefeitos eleitos nas capitais do Nordeste tiveram mais que o dobro de votos conquistados em 2020