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Medo da violência nas eleições em Feira

Medo da violência nas eleições em Feira

Há três semanas fiz um texto sobre o clima eleitoral aqui na Feira de Santana. Naquele momento, registrei que o eleitor estava arredio, pouco disposto a externar suas predileções. Pois, passados 15 dias, pouca coisa mudou. Já é possível deduzir, inclusive, que estas serão as eleições menos vibrantes desde a redemocratização do Brasil. Desinteresse do eleitor pelo pleito, pelos destinos do País? Nada disso. Uma palavra resume o sentimento coletivo: medo.

Tudo bem que não faltem carros plotados com propaganda de candidatos a deputado circulando por aí. Mas a maioria, espertamente, evita referências aos candidatos à presidência da República. Talvez seja o receio – legítimo – de sofrer alguma violência política. Afinal, a extrema-direita não está para brincadeiras e sinaliza que não largará o suculento osso brasiliense sem conflitos. Daí a cautela, até mesmo de parte dos candidatos.

Imaginem, então, a situação do eleitor médio que, vergando sob a agruras impostas pelo desgoverno da extrema-direita, anseia por mudança, mas teme a violência política. Descontando a turma de Jair Bolsonaro, o “mito”, poucos ostentam adesivos ou camisetas de seus candidatos prediletos. Também não se veem adesivos em muros e portões de residências pela cidade. A exceção, mais uma vez, costuma aplicar-se à propaganda das candidaturas proporcionais, menos visadas.

O cenário atesta o nível de degradação da democracia brasileira. A imprensa já registrou dois assassinatos políticos cometidos por acólitos do “mito”. Isso para não mencionar incontáveis episódios de violência que não resultaram em mortes, embora sejam evidentes as tentativas de intimidação. Como se sabe, as mulheres estão mais expostas a esse tipo de violência. Inclusive as jornalistas.

Até aqui, tudo indica que o califado bíblico-miliciano que alguns fanáticos aspiram não se erigirá. Sobretudo em função das contundentes resistências externas. Mas os danos provocados por este quadriênio de delírios se estenderão, durante muitos anos o Brasil sentirá seus efeitos. Hoje, a propósito, eles são bem palpáveis, mancham o processo democrático que sempre foi festivo no País.

Faltam pouco mais de duas semanas para o primeiro turno das eleições. A tensão, até lá, tende a se acentuar. Mas é necessário que o eleitor não se intimide, compareça às seções eleitorais e ajude o Brasil a resgatar sua democracia, tão duramente conquistada há apenas três décadas e, hoje, ameaçada por lunáticos que cultuam a morte e vomitam o ódio…

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